O Arcadismo em Portugal iniciou-se no século XVIII, com a fundação da Arcádia Lusitana que procurava estruturar-se da mesma forma que a Arcádia Romana, criada na Roma, em 1690.
O termo Arcádia remete à ideia de vida rústica e em harmonia com a natureza. Os escritores idealizavam a vida na região montanhosa e no campo, autodenominando-se pastores e referindo-se às mulheres como pastoras. Era um momento de busca de paz, feita através da razão e natureza, além da escrita perfeita.
Os escritores criticam os exageros verbais utilizados no Barroco, propondo uma literatura mais simples e natural, de acordo com o pensamento do século XVIII. Além disso, enfatizam os sentimentos, a clareza das ideias, a retomada da naturalidade dos escritores clássicos, recebendo a denominação de neoclássicos por retomarem o equilíbrio dos clássicos antigos.
As poesias transmitem que algo parece ser possível e real, sendo considerada bela por imitar o mundo físico e moral.
Os escritores, apesar de valorizarem ainda a religião e a monarquia, tratam de assuntos ligados à vida material. Envolvem-se mais com a política e acreditam na instrução e no amadurecimento cultural como indicadores da felicidade humana.
Influenciados pelo iluminismo, que é um movimento que enfatiza a razão como único guia infalível da sabedoria e caracteriza o universo como uma máquina governada por leis inflexíveis que o homem não pode desprezar, não havendo milagres ou intervenção divina para modificar a ordem da natureza, os árcades veem na razão e na ciência meios para transformar a sociedade: o homem como ser superior e pensante.
No Brasil, o Arcadismo iniciou-se em 1768 com a publicação das “Obras Poéticas” de Cláudio Manuel da Costa, e teve seu término em 1836, com a obra “Suspiros Poéticos e Saudades” de Gonçalves de Magalhães.
Os escritores tentavam distanciar dos moldes portugueses, mas ainda imitando os clássicos. Tentavam buscar uma identidade brasileira, valorizando o papel do índio como um herói na obra “O Uraguai" de Basílio da Gama.
As obras traziam críticas à realidade brasileira, como no poema satírico “Cartas Chilenas” de Tomás Antonio Gonzaga.
Os escritores passaram a trabalhar em seus poemas temas universais, renovando as técnicas artísticas.
A literatura brasileira consolidava-se à medida que aumentava a consciência literária. A sua divulgação era feita em Academias e sessões literárias.
Em 1808, com a vinda da Família Real, a atividade intelectual cresceu e tornou-se mais amadurecida. Foi aberto o primeiro jornal “O Correio Brasiliense”, e as primeiras revistas foram publicadas. Houve ainda a fundação da Imprensa Regia e a abertura da Biblioteca Real.
Principais autores e obras
Cláudio Manuel da Costa (1729-1789): foi advogado, minerador e poeta português do Brasil Colônia. Destacou-se pela sua obra poética e pelo seu envolvimento na Inconfidência Mineira.
Escreveu “Obras”; composta por sonetos, éclogas, epístolas e outras peças líricas. Também escreveu teatro e o poema épico “Vila Rica.
A sua poesia lírica tinha influência de Camões, tratando sobre o sentimento amoroso e a descrição da natureza. Em outras obras, como a coletânea de sonetos, “Minúsculo Métrico”, há a presença de figuras femininas e também a descrição da natureza.
Tomás Antônio Gonzaga (1744-1810): foi jurista, poeta e ativista político participante da Inconfidência Mineira, movimento pela independência de Minas Gerais, precursor do processo que conduziu à separação do Brasil de Portugal. Além disso, o escritor é considerado o mais proeminente dos poetas árcades, sendo estudado em escolas e universidades por todo o mundo.
Escreveu “Cartas Chilenas”, que circulavam em Vila Rica no período que antecedeu a Inconfidência Mineira, na forma de manuscritos anônimos. Nelas, há uma forte crítica a Luís da Cunha Meneses, o governador de Minas, identificado na obra como Fanfarrão Minésio.
As suas liras tratam sobre a vida em equilíbrio, sem exageros e em harmonia com a natureza: lugar que o homem escolhe para fugir da realidade que o oprime.
Basílio da Gama (1740-1795): foi poeta luso-brasileiro que escrevia as suas obras sob o pseudônimo Termindo Sipílio. Além disso, foi designado como patrono da cadeira 4 da Academia Brasileira de Letras.
Destacou-se por seu poema épico “O Uraguai”, que traz como tema a guerra iniciada pelos portugueses e espanhóis contra os índios, incentivados pelos jesuítas nos Sete Povos das Missões, Uruguai.
Na obra, o autor faz crítica aos jesuítas que são representados pelo padre Balda. Esse padre é considerado um vilão, inimigo de Pombal e falso amigo dos índios. Além disso, o escritor descreve a natureza americana e exalta o indígena, o que provoca forte admiração por parte de outros escritores do século XIX.
Ainda, o Marquês de Pombal é louvado e reconhecido como herói na obra.
Contexto histórico
Crescimento da burguesia com força total, afastando-se do clero com o objetivo de lucrar com o comércio.
Montesquieu, Voltaire, Rousseau e Descartes foram os principais pensadores e filósofos que trouxeram os seus conceitos iluministas que influenciaram toda a sociedade desse período.
Em 1776 houve a independência dos Estados Unidos, em que se obteve a primeira abolição escravistas das Américas. Também houve a propagação de ideias liberais, trazidas pelos estudantes brasileiros. Era o momento de o homem querer ser livre.
No século XVIII, o Brasil tinha bastante atividade de extração mineral. Após a descoberta do ouro e diamante, o eixo político deslocou-se para o Sul e a capital deixou de ser a Bahia, passando a ser no Rio de Janeiro. Com essa descoberta, os estrangeiros se interessam pelo Brasil.
Em 1789, ocorreu a Revolução Francesa com a queda da monarquia, além do início da Revolução Industrial que passou por três períodos. A revolução industrial foi o momento que houve a substituição da mão de obra humana pelas máquinas, visando o lucro maior das empresas.
Ainda em 1789, ocorreu a Inconfidência Mineira: a população passou a questionar os valores cobrados pelas altas taxas e impostos sobre a extração dos minérios.
Fontes:
Módulo do ensino integrado: língua portuguesa. São Paulo: DCL, 2002. p. 120-122.
https://www.youtube.com/watch?v=YYzQa-qXB-k
https://pt.wikipedia.org/wiki/Cl%C3%A1udio_Manuel_da_Costa
https://pt.wikipedia.org/wiki/Tom%C3%A1s_Ant%C3%B3nio_Gonzaga