Florbela Espanca é considerada uma das mais importantes poetisas portuguesas. Foi autora de soneto e também uma das primeiras feministas de Portugal. Sua poesia tem estilo peculiar, aliando sofrimento e desencanto ao desejo de ser feliz.
Florbela nasceu dia 8 de dezembro de 1894, na vila de Viçosa, em Alentejo, região centro sul de Portugal. Nasceu de um relacionamento entre patrão e criada, João Maria Espanca e Antônia da Conceição Lobo. Registrada como filha de pai desconhecido, após o falecimento de sua mãe foi educada por seu pai biológico e por sua esposa, Mariana Espanca. Assim herdou o sobrenome que a tornaria conhecida no universo literário.
Suas primeiras composições poéticas datam do ano de 1903, com o poema “A Vida e a Morte”, quando Florbela tinha apenas nove anos de idade. Foi uma das primeiras mulheres de Portugal a frequentar o curso secundário no Liceu Masculino André de Gouveia, em Évora. Lá concluiu o curso de Letras e posteriormente atuou como jornalista na publicação “Modas & Bordados” e também no jornal “Voz Pública”.
Em 1913 casou-se com Alberto Moutinho, um colega de escola. Nessa época conheceu outros poetas e participou de um grupo de mulheres escritoras. Em 1917, Florbela foi a primeira mulher a ingressar no curso de Direito da Universidade de Lisboa.
Em 1919, lançou “Livro de Mágoas” e nessa época começou a apresentar certo desequilíbrio emocional. Sofreu um aborto espontâneo e adoeceu durante um longo período.
Em 1921, divorciou-se de Alberto e casou-se com o oficial de artilharia António Guimarães. Em 1923 publica “Livro de Sóror Saudade”. Nesse mesmo ano, sofre outro aborto e separa-se do marido.
Em 1925, casa-se com o médico Mário Laje, em Matosinhos. Em 1927, falece seu irmão Apeles Espanca em um trágico acidente de avião, fato que a levou a tentar o suicídio. A morte precoce do irmão lhe serviu de inspiração para escrever “As Máscaras do Destino”.
A obra de Florbela é permeada por um forte teor confessional, trazendo revelações de acontecimentos que diziam respeito à sua condição sentimental. Não fez parte de nenhum movimento literário, mas o seu estilo remete à poesia romântica, com forte teor emocional.
A poetisa suicidou-se com o uso de barbitúricos, no dia 8 de dezembro de 1930. Seria o dia de seu aniversário e também época próxima da publicação de sua obra prima, “Charneca em Flor”. A obra só foi publicada em janeiro de 1931.
Parte de sua inspiração foi proveniente de sua vida breve, porém intensa. Conviveu com a rejeição do pai, que apesar de tê-la criado, só dezenove anos depois de sua morte a reconheceu legalmente como filha. O fato ocorreu na inauguração de seu busto em Évora, após dura insistência de um grupo de florbelianos.
Algumas obras:
- Livro de Mágoas, 1919
- Livro de Soror Saudade, 1923
- Charneca em Flor: sonetos de Florbela Espanca, 1931
- Juvenília, 1931
- Cartas de Florbela Espanca a Dona Júlia Alves e a Guido Battelli, 1931
- As Máscaras do Destino, 1931
- Reliquiae, 1934
- Cartas de Florbela Espanca, 1949
- Diário do Último Ano, 1981
- O Dominó Preto, 1983