Este é um conto da escritora Lygia Fagundes Telles.
Conta a história de um homem que encontrara um passarinho e levara para casa e de seu filho que não se conformava por ele não saber a “marca” (espécie) do passarinho. Determinado dia este homem “abandonou casa, emprego no cartório, o filho único, tudo. E se mandou Deus sabe para onde.” Uma mulher afirma que ele enlouqueceu, e que tudo isso aconteceu por causa daquele passarinho.
O homem estava insatisfeito, e não queria estar ali. Parecia se incomodar com as reclamações da mulher e se identificar com o passarinho. A história vai contando quase que afetivamente a história de amizade entre o homem e o passarinho, os momentos em que aquele acariciava este, etc.
Durante o conto, a autora parece sugerir que o homem, preso pelas reclamações da mulher e a infelicidade da vida, se identificava com o passarinho, que, preso por aquelas grades, tentava fugir. Percebe-se isso, por exemplo, no seguinte trecho:
“o passarinho se atirava meio às cegas contra as grades, fugir, fugir. Algumas vezes, o homem assistiu a essas tentativas que deixavam o passarinho tão cansado, o peito palpitante, o bico ferido. Eu sei, você quer ir embora, você quer ir embora mas não pode ir, lá fora é diferente e agora é tarde demais.”
Em seguida, a autora parece fazer uma comparação explícita entre a prisão do passarinho e a “prisão” do homem:
“A mulher punha-se então a falar, e falava uns cinqüenta minutos sobre as coisas todas que quisera ter e que o homem ruivo não lhe dera, não esquecer aquela viagem para Pocinhos do Rio Verde e o trem prateado descendo pela noite até o mar. Esse mar que, se não fosse o pai (que Deus o tenha!), ela jamais teria conhecido, porque em negra hora se casara com um homem que não prestava para nada, Não sei mesmo onde estava com a cabeça quando me casei com você, Velho.”
Até que um dia, cansado de todas aquelas reclamações da mulher, o homem, “sem a menor pressa” levantou-se e saiu. Ela afirmou então que ele havia ficado louco.
Algo interessante no enredo, é que ele parece iniciar e terminar no mesmo ponto, o momento em que o homem vai embora.
O assunto principal que rege o conto é a metáfora entre a liberdade almejada pelo homem, que é representada pela liberdade almejada pelo passarinho. O tempo inteiro o homem parece querer mostrar através do passarinho a sua realidade, como ele se sentia.
No final do conto, ele vai embora, e o pássaro foge. Parece mais uma metáfora, já que este cai na boca do gato... que mensagem a autora quis passar para o leitor? Qual terá sido o fim deste homem? Fica mais uma vez o mistério e um mote para a imaginação do leitor.
Fontes:
http://www.letraselivros.com.
http://www.vaniadiniz.pro.br/
http://www.scribd.com/doc/
Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/literatura/historia-de-passarinho/