Influências de Charles Bukowski

Por Felipe Araújo
Categorias: Literatura
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Charles Bukowski é um cultuado escritor norte-americano que publicou livros como Factotum, Misto-Quente, Mulheres e Pulp. Nascido na Alemanha, o autor chegou aos EUA durante os anos 20, pouco antes do início da Grande Depressão, período em que o país encontrou altas taxas de desemprego e muita pobreza. Sua infância, passada nesta época, foi uma grande influência que explica o ódio e a negação dos valores americanos encontrados em sua literatura. Quando adulto, viveu na parte miserável de Los Angeles, onde conheceu os tipos que povoam suas páginas: prostitutas, aproveitadores, perdedores e pessoas sem rumo, assim como ele.

Além do cenário sombrio em que passou esta primeira etapa da vida, em que buscava ser escritor e enlouquecia por isso, antes do reconhecimento e dos louros que encontrou no final da vida, podem ser citados como influências alguns escritores aos quais ele geralmente fazia referência em seus livros, utilizava como personagens ou exaltava em entrevistas.

Os dois primeiros autores mais marcantes para Bukowski foram John Fante e Ernest Hemingway. O primeiro, pela proximidade, pois viveram e escreveram na mesma região, só que em tempos diferentes. Em um de seus livros, o escritor conta como conheceu a obra de Fante. Ele estava em uma biblioteca pública, na qual vagabundos iam mais para dormir do que para ler. Então começa a tirar livros da prateleira e, de repente, encontra Pergunte ao Pó, segunda obra de John Fante. Bukowski, tempos mais tarde, acabou escrevendo o prefácio para uma edição deste livro, onde descreveu um pouco do que sentiu ao lê-lo pela primeira vez:

“As linhas rolavam fácil pela página, havia uma corrente. Cada linha tinha sua própria energia e era seguida por uma outra que nem ela. A própria substância de cada linha dava uma forma à página, a sensação de alguma coisa esculpida ali. E, aqui, afinal, estava um homem que não tinha medo da emoção. O humor e a dor estavam misturados numa esplêndida simplicidade. Começar aquele livro foi um selvagem e enorme milagre pra mim”.

No caso de Hemingway, a influência era a força das palavras, a idolatria declarada em diversas páginas de seus romances. O autor de O Velho e o Mar era o homem de ação, das frases curtas e impactantes que tanto Bukowski buscava. O escritor é, até mesmo, citado em um conto chamado Classe, onde Chinaski, personagem que representa o velho Buk, consegue nocauteá-lo em uma luta de boxe.

Bukowski demonstrava grande fascínio pelo existencialismo. Neste aspecto, aparece a sua ligação com as ideias de Jean Paul Sartre. Os personagens angustiados de seus livros sofreram influência de obras como A Náusea, entre outras do filósofo francês. Há uma lenda que diz que, certa vez, Sartre afirmou que Bukowski era o “maior poeta americano vivo”, mas esse mito é considerado uma invenção do próprio Buk.

Além de Sartre, outro escritor citado como uma de suas influências é Knut Hamsun. Em sua novela, Hunger, de 1890, Hamsun conta a história de um escritor iniciante e iludido, que prefere passar fome para viver da escrita em vez de trabalhar. Esse tipo de mote é encontrado na maioria dos textos de Bukowski, assim como nos livros de Henry Miller.

Outra grande influência em sua obra foi o escritor Fyodor Dostoyevsky. Um dos livros favoritos de Bukowski era Notas do Subterrâneo, na qual o autor russo conta as memórias de um agoniado e isolado ex-servidor público que vive em São Petersburgo. Bukowski homenageou Dostoyevsky intitulando uma de suas poesias com o nome do escritor.

Fontes:
FANTE, John. Pergunte ao Pó. São Paulo: Editora Brasiliense, 1991.
BUKOWSKI, Charles. Ao Sul de Lugar Nenhum. São Paulo: L&PM, 2010.
http://www.bukowskidrankmedry.com/2012/04/charles-bukowski-influences-writers-and.html
http://www.revistaogrito.com/page/blog/2010/10/01/bukowski-ao-sul-de-lugar-nenhum/
http://pensarenlouquece.posterous.com/prefacio-de-pergunte-ao-pohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Notas_do_Subterr%C3%A2neo
http://writersalmanac.publicradio.org/index.php?date=2005/08/29

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