O termo ‘queer’ significa a princípio algo exótico, excêntrico. Nos anos 20, porém, ingressou na fala do dia-a-dia como um sinônimo de homossexual. Na boca de outras pessoas, é considerado quase sempre um insulto, mas quando utilizado no interior dos grupos gays é visto como algo politicamente correto.
No âmbito da literatura o ‘queer’ está disseminado em todos os gêneros: no romance, na poesia, na esfera teatral e nos ensaios. E também nos subgêneros. É uma espécie de ramificação literária que se diferencia apenas pelo tema abordado, sempre do interesse do público homossexual, e é elaborada por escritores que assumem essa opção sexual.
Esta modalidade literária é significativa por focar em tópicos singulares, próprios de um segmento nada irrelevante da raça humana. Na literatura a sutil e intrincada vida emocional dos homossexuais é traduzida perfeitamente. Nela é possível exprimir e compartilhar emoções em código. De outra forma seria quase sempre complicado ou até mesmo impossível expressar esses sentimentos.
No campo da literatura infanto-juvenil homossexual estes temas são particularmente abordados de forma espontânea, como um incentivo à aceitação do diferente e à negação dos clichês vinculados a qualquer tipo de preconceito sexual. Apesar disso, os escritores deste gênero são algumas vezes questionados, especialmente pelas instituições eclesiais, por medo de que seus livros despertem comportamentos nocivos no seu público. Ou até mesmo que estejam ligados a casos de pedofilia.
Por outro lado, outro público segmentado gera uma literatura específica, a chick-lit, um caminho próprio seguido pelas autoras femininas quando optaram por adotar um padrão distinto do masculino. Este também é um subgênero controvertido na esfera literária, distante da unanimidade. Há quem adore, e os que odeiam.
Dele saem várias vertentes, e uma delas está hoje em voga, o estilo erótico, do qual a escritora mais aclamada pelos fãs desta modalidade é E. L. James, autora do célebre 50 tons de cinza. Assim como os homossexuais, as mulheres constituem também uma fração importante da humanidade, mas ambos são considerados minorias, já que predomina em nossa sociedade o paradigma masculino e heterossexual.
Portanto, não é surpresa alguma que os gêneros Queer e Chick sejam muitas vezes discriminados e marginalizados. Quando, então, aliam-se ambos à Literatura Fantástica, também alvo de muitos preconceitos, a aceitação do leitor se torna crítica. É o que sente na pele autoras como Ju Lund, que teve a coragem de ligar estes três ramos em seu livro Doce Vampira, nele compondo o que se pode chamar de Literatura Queer Chick.
Ela é uma mescla de Literatura Fantástica com tópicos contemporâneos, tais como a discriminação ao homossexualismo, o preconceito racial e o extremismo religioso. Ju canaliza a sua narrativa fantástica toques de emotividade e romantismo, lemas da literatura Chick, e uma história de amor homossexual. E com essa decisão ousada enfrenta muitas vezes críticas desfavoráveis.
Fontes:
http://bibliotecaempoeirada.com.br/2012/09/literatura-queer/
http://www.oestadorj.com.br/cultura/literatura-marginalizada-quando-os-discriminados-ganham-voz/
http://www.ecult.com.br/wp-content/uploads/2013/03/e-cult-03-2013.pdf
Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/literatura/literatura-queer-chick/