O Paratexto é um recurso textual que segue o texto mais importante. Ele está posicionado exatamente na fronteira do conteúdo fundamental de um livro. E nesta disposição espacial atua como princípio intermediário entre a obra e quem a lê. Esta intrincada ponte é realizada por meio de títulos, subtítulos, intertítulos, capas, prólogos, preâmbulos, apresentações, introduções, epígrafes, notas de rodapé, anotações no final do livro ou nas margens das páginas, observações, sumários, bibliografias, ilustrações impressas na folha de rosto, dedicatórias, tiras, entre outros.
O pesquisador Gérard Genette, criador desta palavra, conceitua esta modalidade como instrumento que transforma efetivamente um texto em uma obra que assim se identifica diante do seu público. Ele constrói essa definição no livro Paratextos Editoriais, de 2009. Segundo o autor, esta categoria está no limite entre o discurso impresso e a própria ação de ler e compreender esse texto.
No contexto contemporâneo, inseridos na era tecnológica, encontramos o paratexto não mais restrito à esfera interna ou ao nível externo, e sim disseminado nestes dois universos, mais especificamente na fronteira do texto. Este, por sua vez, está vinculado estreitamente a uma organização que o cinge e permite que ele assuma um formato e crie significados.
Esta estrutura textual normalmente é revigorada por uma determinada quantidade de criações expressas oralmente ou não, as quais procuram envolvê-lo e estendê-lo com o objetivo de atualizá-lo e assegurar sua existência no universo material, sua receptividade e utilização enquanto livro.
O vocábulo ‘paratexto’ provém do prefixo grego para, o qual está imbuído da tarefa de mudar o termo ‘texto’. De acordo com sua procedência etmológica, ele aponta para alguma coisa que se situa próximo a ou contíguo a algo; pode igualmente ser aplicado para expressar uma concepção temporal, de continuidade ou qualquer evento que ocorre ao mesmo tempo em que outro acontecimento se desenrola.
Todos os ingredientes englobados no paratexto, do ponto de vista do estudioso francês, estão inseridos nos limites do texto e assim, nesta postura, o resgatam enquanto poder do discurso. Por esta razão ele é considerado uma categoria fronteiriça. Portanto, deveria ser interpretado como autêntico exercício linguístico.
Desta forma, pode-se afirmar que o paratexto favorece o livro até quando não se converteu ainda em obra impressa. É como se o conteúdo principal ficasse vinculado às próprias fronteiras e só se tornasse real e visível graças a elas. Desta maneira o texto é desenvolvido pelos elementos que constituem o paratexto; é enlaçado tanto pelos ingredientes que antecedem o texto quanto pelos que o sucedem. Além disso, é ampliado pela teia de observações dos críticos ou de outros universos. Assim se atinge o hipertexto.
Fontes:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Paratexto
http://www.pgletras.uerj.br/palimpsesto/num10/resenhas/palimpsesto10_resenhas01.pdf