A poesia concreta iniciou-se na década de 1950, precisamente em São Paulo na “Exposição Nacional de Arte Concreta”, ocorrida no Museu de Arte Moderna de São Paulo, em 1956.
Surgiu com o movimento de vanguarda concretista no século XX, um movimento artístico e cultural que aconteceu na Europa.
Nessa época, o presidente do Brasil era Juscelino Kubitschek, também conhecido como JK. O Rio de Janeiro deixava de ser a capital do Brasil, e Brasília estava sendo construída para virar a capital.
O projeto dessa nova capital foi feito pelo renomado Oscar Niemeyer, o arquiteto mais famoso do país. A arte concreta começa na arquitetura, inclusive, Niemeyer falava sobre apreciar as curvas e o visual. Por esse motivo os seus projetos são sempre modernos e diferentes dos demais.
O lema do governo JK era “50 anos em 5”, pois o clima era de crescimento rápido e acelerado. Além da arquitetura, esse contexto influenciou a literatura com inspiração na cidade e forma, além da inspiração na nova cidade Brasília.
A poesia concreta é chamada de verbo-voco-visual, é visual. Elimina os supérfluos e usa a imagem. Estrutura o texto poético a partir do espaço do seu suporte, sendo ele a página de um livro ou não, buscando a superação do verso como unidade rítmico-formal.
Por ser uma poesia visual e de interpretação, é baseada no outro, dependendo exclusivamente do leitor. Cada pessoa vai tirar a sua conclusão sobre a poesia concreta.
Dentro da poesia concreta também temos algo conhecido como poesias-práxis. Nesse tipo de poesia, a interpretação fica mais fácil, e não depende tanto do leitor. Há o valor simbólico da palavra. Também é considerada uma poesia concreta, mas acredita que a palavra tem um significado maior.
No Brasil, o concretismo foi fundado por Décio Pignatari, Haroldo de Campos e Augusto de Campos (ou "irmãos Campos"), grupo chamado de “Noigandres”. Eles foram responsáveis por produzir a revista literária que levava o nome do grupo.
“O Manifesto da Poesia Concreta” foi publicado em 1956. Ele apresenta algumas características da nova estrutura poética vanguardista:
“A poesia concreta começa por assumir uma responsabilidade total perante a linguagem: aceitando o pressuposto do idioma histórico como núcleo indispensável de comunicação, recusa-se a absorver as palavras com meros veículos indiferentes, sem vida sem personalidade sem história - túmulos-tabu com que a convenção insiste em sepultar a ideia. O poeta concreto não volta a face às palavras, não lhes lança olhares oblíquos: vai direto ao seu centro, para viver e vivificar a sua facticidade.”
Além dele, em 1958, o "Plano Piloto da Poesia Concreta" foi publicado na revista “Noigandres”. O plano apresentava a nova proposta ao mesmo tempo que questionava a estrutura tradicional da poesia:
“Poesia concreta: produto de uma evolução crítica de formas. dando por encerrado o ciclo histórico do verso (unidade rítmico-formal), a poesia concreta começa por tomar conhecimento do espaço gráfico como agente estrutural. espaço qualificado: estrutura espácio-temporal, em vez de desenvolvimento meramente temporístico-temporal, em vez de desenvolvimento meramente temporístico-linear. daí a importância da ideia de ideograma, desde o seu sentido geral de sintaxe espacial ou visual, até o seu sentido específico”.
O movimento traz uma nova linguagem literária, mas sem restringir somente ao campo literário. Apresenta também diversas manifestações na música e nas artes plásticas.
Autores de poesia concreta:
- Augusto de Campos (1931): é um poeta e tradutor brasileiro. Escreveu “O Rei Menos o Reino”, juntamente com o seu irmão Haroldo de Campos. Deu início ao movimento internacional da Poesia Concreta no Brasil, com Décio Pignatari. Além disso, lançou a revista literária “Noigandres”, que deu origem ao grupo Noigandres.
- Décio Pignatari (1927-2012): foi um publicitário, poeta, ator, ensaísta, professor e tradutor brasileiro. Publicou volume de contos, “O Rosto da Memória, o romance “Panteros” e duas obras para o teatro, “Céu de Lona e Viagem Magnética”. Realizou experiências com a linguagem poética, incorporando recursos visuais e fragmentação das palavras.
- Haroldo de Campos (1929-2003): foi um poeta e tradutor brasileiro. Lançou “O Auto do Possesso” e fundou o grupo Noigandres, juntamente com o seu irmão Haroldo de Campos e com Décio Pignatari.
- Ferreira Gullar (1930-2016): foi um escritor, poeta, crítico de arte, biógrafo, tradutor, memorialista e ensaísta brasileiro, além de ser um dos fundadores do neoconcretismo.
- Leia mais: concretismo no Brasil
As principais características da poesia concreta:
- Uso da linguagem verbal e não-verbal
- Experimentalismo poético
- Poesia visual
- Efeitos gráficos, sonoros e semânticos
- Aspectos geométricos
- Supressão do verso e estrofe
- Desaparecimento do eu-lírico
- Eliminação da poesia intimista
- Racionalismo