A poesia social surgiu como uma espécie de manifestação contra o radicalismo expresso pelo movimento concretista, o qual se manifestava através de aspecto visual e geométrico, em um poema-objeto.
Essa poesia social foi criada com versos e sentimento lírico que trata sobre temas sociais e políticos da época, utilizando de linguagem simples que fala sobre o cotidiano das pessoas, como pode ser verificado abaixo na poesia de Fernando Gullar:
“Agosto 1964”
Entre lojas de flores e de sapatos, bares,
mercados, butiques,
viajo num ônibus Estrada de Ferro-Leblon.
Volto do trabalho, a noite em meio,
fatigado de mentiras.
O ônibus sacoleja. Adeus, Rimbaud,
relógio de lilases, concretismo,
neoconcretismo, ficções da juventude, adeus,
que a vida
eu compro à vista aos donos do mundo.
Ao peso dos impostos, o verso sufoca,
a poesia agora responde a inquérito policial-militar.
Digo adeus à ilusão
mas não ao mundo. Mas não à vida,
meu reduto e meu reino.
Do salário injusto,
da punição injusta,
da humilhação, da tortura,
do horror, retiramos algo e com ele construímos um artefato
um poema
uma bandeira.
Nota-se, na poesia acima, que o autor utiliza de linguagem simples para tratar de assuntos do dia a dia, ressaltando os problemas sociais das pessoas como: impostos altos, salários baixos, humilhação, entre outras injustiças sociais.
Autores
- Fernado Gullar (1930-2016): foi escritor, poeta, crítico de arte, biógrafo, tradutor, memorialista e ensaísta brasileiro, bem como um dos fundadores do neoconcretismo.
- Affonso Romano de Sant'Anna (1937): é escritor e poeta brasileiro.
- Amadeu Thiago de Mello (1926): é poeta e tradutor brasileiro. É um dos poetas mais influentes e respeitados no país, reconhecido como um ícone da literatura regional.