A estrutura de um poema é composta por versos e estrofes, sendo a rima opcional.
O verso está representado em cada linha separada de um poema. São apresentados como uma ou mais palavras que seguem um tipo de rítmica. Entre os tipos de verso, pode-se destacar quatro: os versos métricos (sílabas breves ou longas); os versos silábicos (segundo o número de sílabas); os versos rítmicos (segundo a acentuação); os versos livres ou irregulares (sem padrão definido).
É importante observar que as sílabas poéticas são diferentes das sílabas gramaticais, obedecendo, especificamente, a musicalidade do texto, uma vez que os poemas são escritos para serem recitados.
Entre os poemas de forma fixa, destaca-se o soneto, que possui sempre quatorze versos, como no exemplo a seguir:
Soneto de Fidelidade (Vinícius de Moraes)
De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamentoE assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem amaEu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.
Em relação ao número de sílabas, os versos variam entre os monossílabos (uma sílaba) até os dodecassílabos (doze sílabas). Os versos com mais de doze sílabas, são conhecidos como “versos bárbaros”.
A estrofe, por sua vez, é o conjunto de versos em um poema. No caso do soneto, exemplificado acima, observam-se dois quartetos (estrofes com quatro versos) e dois tercetos (estrofes com três versos).
Rimas
No que tange à rima, trata-se do resultado de sons iguais ou semelhantes entre as palavras, tanto no final como no meio dos versos (rima interna). As rimas podem ser classificadas quanto à fonética, ao valor, à acentuação, à posição no verso e na estrofe.
No primeiro caso (fonética), existem dois tipos:
- Rima perfeita ou consoante: em que há correspondência total de sons, ex.: cantado/falado.
- Rima imperfeita: em que há correspondência parcial dos sons. Pode ser: assonante (em que há apenas repetição dos sons vocálicos, ex.: boca/moça) ou aliterante (em que há apenas repetição dos sons consonantais, ex.: faz/fez).
No segundo caso (valor), existem três tipos:
- Rima pobre: com palavras pertencentes à mesma classe gramatical, ex.: gato/rato).
- Rima rica: com palavras pertencentes a classes gramaticais diferentes, ex.: manhã/vã.
- Rima rara ou preciosa: com terminações incomuns, ex.: mandala/dá-la.
No terceiro caso (acentuação), existem três tipos:
- Rima aguda ou masculina: entre palavras oxítonas: coração/intenção.
- Rima grave ou feminina: entre palavras paroxítonas, ex.: adoro/moro.
- Rima esdrúxula: entre palavras proparoxítonas: gênero/efêmero.
No quarto caso (posição no verso), existem dois tipos:
- Rima externa: ocorre no fim do verso, ex.: “E em louvor hei de espalhar meu canto / E rir meu riso e derramar meu pranto” (Vinícius de Moraes);
- Rima interna: que ocorre no interior do verso, ex.: “A bela bola do Raul / Bola amarela” (Cecília Meireles).
No quinto caso (posição na estrofe), existem seis tipos:
- Rimas alternadas ou cruzadas: combinam-se seguindo o esquema ABAB, ex.: “O meu amor não tem / importância nenhuma. Não tem o peso nem de uma rosa de espuma!” (Cecília Meireles).
- Rimas emparelhadas ou paralelas: combinam-se de duas em duas, seguindo o esquema AABB, ex.: “Vagueio campos noturnos / Muros soturnos / Paredes de solidão / Sufocam minha canção” (Ferreira Gullar).
- Rimas interpoladas ou intercaladas: combinam-se em ordem oposta a anterior, com esquema ABBA, ex.: “De tudo, ao meu amor serei atento / Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto / Que mesmo em face do maior encanto / Dele se encante mais meu pensamento” (Vinícius de Moraes).
- Rimas encadeadas: as palavras se situam no fim de um verso e no meio de outro, ex.: “Salve Bandeira do Brasil querida / Toda tecida de esperança e luz / Pálio sagrado sobre o qual palpita / A alma bendita do país da Cruz” (Francisco de Aquino Correia).
- Rimas mistas ou misturadas: quando apresentam posições diversas sem seguir necessariamente um padrão, ex.: “Vou-me embora pra Pasárgada / Aqui eu não sou feliz / Lá a existência é uma aventura / De tal modo inconsequente / Que Joana a Louca de Espanha / Rainha e falsa demente / Vem a ser contraparente / Da nora que nunca tive” (Manuel Bandeira).
- Versos brancos ou soltos: nos quais não há rima, ex.: “Uma palavra caída
das montanhas dos instantes / desmancha todos os mares /
e une as terras mais distantes…” (Cecília Meireles).