Hipócrates foi um médico grego que viveu entre os séculos V e IV a.C., sendo reverenciado no ocidente como o pai da medicina. Quase tudo que conhecemos sobre Hipócrates vem das informações de Platão e de eruditos alexandrinos do século III. Nascido na ilha de Cós, na costa da Ásia Menor, viajou por várias cidades gregas, estudando a constituição física das populações e as doenças frequentes. De volta à sua cidade natal, passa a ensinar e praticar as ciências médicas na escola do templo de Esculápio.
O termo aforismo vem do grego αφορισμός – aphorismos, que significa "definição"; trata-se de uma sentença concisa. Assim é este livro de Hipócrates, um de seus mais conhecidos. Nele, temos uma coleção de definições, onde o autor se esforçou para ser o mais conciso e objetivo possível. As doenças seriam resultado do desequilíbrio entre os denominados humores: o sangue, a fleuma (estado de espírito), a bílis (amarela) e a atrabile (bílis negra). Estes quatro humores deveriam estar em equilíbrio dentro do corpo humano, e caso um deles estivesse sendo produzido em excesso, o médico deveria cuidar para reestabelecer o seu equilíbrio quantitativo. Obviamente, a pesquisa de Hipócrates se encontra no início de um ciclo evolutivo que duraria séculos, e muitas de suas conclusões parecem hoje em dia muito estranhas, mesmo para um leigo. Em perspectiva, as ideias de Hipócrates estavam no caminho certo: seu mais aplicado discípulo, Galeno, foi responsável por aprimorar muitas de suas técnicas. Após estes dois, a Medicina daria um novo salto evolutivo apenas no século XIX.
Os aforismos tornaram-se populares entre médicos e pupilos justamente pela forma prática e acessível que este tipo de disposição de texto era capaz de fornecer. A maioria dos historiadores que analisa a evolução da medicina admite que, dentre todos os textos, aquele que mais sintetiza seu conhecimento e prática é esta coleção de pequenas sentenças. Todo o corpus hipocrático, enfim, encontra um resumo perfeito nestas sentenças.