Diálogos das grandezas do Brasil é o título de uma obra composta provavelmente na Paraíba do início do século XVII, e que permaneceu no sua forma manuscrita original até 1930, quando foi publicada pela Academia Brasileira de Letras. É hoje considerado um interessante documento do período colonial brasileiro.
Trata-se de uma coleção de seis diálogos entres dois personagens, Brandônio e Alviano. Ao que tudo indica, os dois representam personagens simbólicos: Alviano é o reinol que chegou a pouco da metrópole, e que se impressiona apenas pela falta de comodidades da terra. Brandônio é a tradução do tipo povoador. Vivendo no Brasil desde 1583, ele é um propagador das riquezas naturais do Brasil colonial, da superioridade do clima local, e que censura o imediatismo e o espírito oportunista de seus conterrâneos portugueses, bem como a negligência dos colonos que depredam a terra com o único intuito de enriquecer e voltar para o Reino.
O autor de Diálogos aproveita para descrever com detalhes diversas capitanias, desde o Rio Amazonas até São Vicente, além de cogitar a possibilidade de bons negócios a seu interlocutor incrédulo, quase convencendo Alviano que as capitanias de Pernambuco, Itamaracá e Paraíba rendiam à coroa mais que toda a Índia. Mesmo sendo um senhor de engenho do século XVII o autor também demonstra preocupação em apontar a miséria e a condição subumana de índios e escravos naquele Brasil. Ao final dos seis diálogos, Alviano passa de desconfiado interlocutor a entusiasta dos encantos da nova terra, prometendo apregoar os louvores que merecem as grandezas do Brasil.
Hoje acredita-se que Diálogos das grandezas do Brasil foi escrito entre 1590 e 1618 e que muito provavelmente tenha como autor Ambrósio Fernandes Brandão, um cristão novo e senhor de engenho em Pernambuco e na Paraíba. Nascido em 1555, ele foi acusado da prática de judaísmo, porém, não há notícia de que tenha sido processado pela Inquisição. Após a denúncia, viaja para o Brasil, vivendo primeiro em Olinda e depois na Paraíba. No Brasil, como cristão novo, foi denunciado em 1591, acusado de frequentar a esnoga de Camarajibe. Fernandes Brandão permanece de facto como o autor dos diálogos, apesar de ainda restarem dúvidas sobre sua autoria.
O manuscrito estava ignorado em meio ao acervo da Biblioteca de Leiden, na Holanda, até que foi descoberto por Francisco Adolfo de Varnhagen. Sua cópia, composta em 1874, serviu para a edição brasileira de 1930, uma iniciativa da Academia Brasileira de Letras, que continha ainda uma introdução de Capistrano de Abreu e notas de Rodolfo Garcia.
Bibliografia:
MIRISOLA, Marcelo. Diálogos das grandezas do Brasil. Disponível em: < http://congressoemfoco.uol.com.br/opiniao/colunistas/dialogos-das-grandezas-do-brasil/ >.
Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/livros/dialogos-das-grandezas-do-brasil/