Com sua publicação no ano de 1981, Diário do Último Ano é um livro autobiográfico da escritora Florbela Espanca. A obra foi lançada pela Livraria Bertrand, na cidade de Lisboa (Portugal) e teve seu prefácio escrito por Natália Correia, poetisa e intelectual de extensa obra. Em sua primeira edição, o livro foi fac-similado com o acréscimo de um poema achado em um espólio dos Amigos de Vila Viçosa.
Diário do Último Ano foi escrito no último ano de vida de Florbela Espanca. As páginas iniciais da obra são datadas em janeiro de 1930, encerrando-se no dia dois do mês de dezembro. A escritora morreu no dia 8 do mesmo mês devido a uma sobredose de barbitúricos. A última frase do livro é “e não haver gestos novos nem palavras novas!”.
Composto por trinta e dois fragmentos que são reflexões, confidências, comentários e anotações de Florbela Espanca, o livro é considerado autobiográfico e ficcional. De acordo com o crítico literário Antônio Cândido, as autobiografias apresentam doses de romance, pois o escritor não consegue relatar sua trajetória sem recriá-la ao mesmo tempo. A escritora expõe diversas facetas de sua persona, confessa passagens secretas e privadas, além de apresentar partes públicas de sua vida.
No início da obra, Florbela deixa claro que não possui nenhum objetivo ao escrever o diário. Alguns fragmentos mais tarde, contradiz essa afirmativa inicial no trecho "quando morrer é possível que alguém", ao ler as páginas do livro, "se debruce com um pouco de piedade, um pouco de compreensão”.
Conforme o livro vai se encaminhando para o fim, as anotações da escritora começam a ficar mais curtas. Em alguns trechos, encontram-se afirmações sobre as cartas de amor que ela escreveu durante a vida, que seriam apenas resultado de sua necessidade de formar frases. Alguns dias antes de sua morte, Florbela faz a seguinte indagação: "que importa o que está para além?". Então encontra a resposta: “seja o que for será melhor que o mundo e que a vida”.
Com a morte de Florbela, a literatura não perdeu somente uma das maiores poetisas de sua época. A escritora exprimia a temática da sensibilidade das mulheres, suas dores, angústias e paixões. Fora isso, nota-se um tipo de candura em seus escritos, Florbela destila verdades simples, mas, ao mesmo tempo, complexas sobre o que é a mulher.
Fontes:
ESPANCA, Florbela, Diário do Último Ano, Lisboa, Bertrand, 1981.
http://www.cchla.ufrn.br/shXIX/anais/GT03/trabalho%20final%20semana%20de%20humanidades.pdf
http://www.vidaslusofonas.pt/florbela_espanca.htm
http://pt.wikipedia.org/wiki/Di%C3%A1rio_do_%C3%9Altimo_Ano