No início da história de "O bom ladrão", do escritor Fernando Sabino, Dimas (protagonista) relembra a história da personagem Capitu, da obra Dom Casmurro de Machado de Assis. Esta intertextualidade com a obra de Machado é estabelecida desde o começo do conto, quanto diz: “O que me leva de volta ao enigma de Capitu. Vamos a ele.” E permanece em um diálogo com a obra até o último capítulo. Pode-se dizer que as personagens Dimas e Isabel são uma alusão clara às personagens Bentinho e Capitu, de Dom Casmurro.
Dimas acaba terminando por confundir a imaginação com a realidade, confundindo seus sentimentos e mudando seu modo de se comportar até o ponto de ser preso. Tudo gira em torno da dúvida a respeito de um furto. Dúvida que ao final não será respondida pelo autor.
A obra traz reflexões sobre a moral, a sociedade e sobre questões psicológicas e patológicas. Um exemplo é a exploração que faz a respeito da cleptomania (patologia psiquiátrica) sofrida pela personagem Isabel. O leitor é levado a questionar as influências da sociedade no comportamento humano, a elaborar reflexões a respeito das situações mostradas, a respeito das verdades defendidas pela sociedade, além de tentar fazê-lo voltar aos seus valores éticos e morais ao questionar o comportamento das personagens.
O enredo não é linear, tornando-se, por isso, um pouco complexo. O tempo da narrativa é psicológico, pois é orientado pelas reflexões do narrador a respeito das lembranças da personagem.
No final da história, o narrador mostra duas visões a respeito da situação da mulher de Dimas, deixando o leitor em dúvida, e não dando pistas suficientes para que ele descubra o que realmente aconteceu. Assim como aconteceu em Dom Casmurro, até o fim Dimas fica em dúvida se a mulher lhe traiu ou não.
Fontes:
http://pausapraleitura.blogspot.com.br/2013/05/reflexao-leitura-o-bom-ladrao-fernando.html
http://www.leituracritica.com.br/apoioprof/aprecia/017bomladraosabino.asp
http://www.passeiweb.com/na_ponta_lingua/livros/resumos_comentarios/o/o_bom_ladrao