Conto de José Saramago.
Um homem foi até o seu rei fazer um pedido. A casa deste rei tinha muitas portas dentre elas a porta da petição e a porta do obséquio. O homem lá chegando foi bater à porta das petições, pensando este que seria atendido pelo rei, acabou sendo atendido pela mulher da limpeza, pois o rei estava muito ocupado na porta obséquios. Assim sendo o rei mandava o primeiro-secretário atender a porta da petição, este por sua vez mandava o segundo-secretário, este chamava o terceiro, que e por sua vez mandava o segundo, e assim por diante até chegar à mulher da limpeza que em quem mandar acabou abrindo a porta. Perguntou o que o homem queria falar com o rei, mas este no lugar de pedir algo disse:
- ″Quero falar ao rei″.
A mulher reclama e o homem diz que só sai quando o rei vier. E assim a fila da petição foi aumentando e do obséquio diminuindo, já que o homem não saía do lugar. Passado alguns dias, muito contrariado, o rei foi atender a porta e o homem pedira um barco. O rei com certa implicância perguntou para que o homem queria um barco, este por vez explica que queria encontrar a ilha desconhecida. Em primeiro momento o rei nega, mas depois de tanta insistência do homem o rei cede. Com o recado do rei por escrito foi até o porto e entregou ao capitão, que lhe entregou um barco.
O melhor do conto é que a mulher da limpeza acompanhara o homem, afirmando que agora resolveu mudar de profissão, iria limpar barcos.
Este é um conto muito especial, pois os personagens não têm nomes e são identificados por sua posição social, abrindo o leque para as desigualdades sociais. O texto traduz um paradoxo superficialmente estranho pela busca do desconhecido. Ocorre à valorização dos anônimos, os mesmos têm o poder de decisão. A situação vivida pelo homem mostra uma burocracia que acontece nos dias atuais. O homem a procura do ″EU″, navegar ao desconhecido a procura do conhecimento de si e de sua própria existência, ou seja, da sua história.