Romance da escritora Clarice Lispector de 1946, O Lustre conta a história de Virgínia, desde sua infância e que parece marcada sob o aspecto do mal. A obra é permeada pela interiorização dos personagens, pela percepção de sentimentos ruins, ódios, amores, culpas, euforias, tristezas, medo, angústia, sentimentos íntimos que falam pela própria alma.
A obra traz uma imensa simbologia: um chapéu de um afogado que aparece no início e no fim do livro, um lustre, um casarão onde Virgínia e o irmão, Daniel, passam a infância.
As lembranças da infância com o irmão marcam o pensamento de Virgínia e sua experimentação com perversidades, onde ela e o irmão são agentes ou vítimas um do outro, em uma relação incestuosa. Nas brincadeiras de infância entre os dois irmãos, o menino exercita sua maldade e Virgínia é o instrumento de obtenção daquele prazer.
O obra se passa em tom saudosista, com sofrimento e cheia das lembranças da personagem, não existe uma divisão de capítulos, apenas o pensamento de Virgínia, que vive em uma constante solidão, seja na Granja Quieta, onde vivia na infância, no interior, seja na cidade grande onde vai viver. O trem, mais um símbolo, que lembra Virgínia que ela foi embora do casarão sem ter olhado para o lustre.
Tenta voltar a viver no casarão, na tentativa de, também, voltar ao passado, apegando-se aos poucos bens da casa, que restaram da falência, mas a solidão parece ser ainda maior: os quartos vazios, a enorme sala de jantar, os tapetes, o lustre, tudo isso aumenta sua inquietação. Sofre por isso, por ver a infância perdida, o passado morto e tudo, até mesmo a relação com o irmão e a tentativa de ter um amante, terem se frustrado.
Olha perdidas vezes para a luz do antigo lustre, como se esperasse por algo, quem sabe até mesmo a própria morte.
E, assim, numa imensa solidão, Virgínia morre atropelada por um carro e é reconhecida apenas pelo chapéu marrom, o mesmo do início do romance.
Fonte:
http://www.passeiweb.com/na_ponta_lingua/livros/resumos_comentarios/o/o_lustre