Pulp é uma novela do poeta e escritor norteamericano Charles Bukowski. A obra foi publicada em 1994, pouco depois da morte do autor. A produção do livro começou três anos antes de seu lançamento. Com mais de 70 anos naquela época, e com um histórico de excessos, Bukowski enfrentou diversos problemas de saúde enquanto tentava terminar o livro.
O nome Pulp é uma homenagem às pulp magazines, revistas baratas de ficção que foram publicadas nos EUA a partir de 1896 e perduraram até a década de 50. Os periódicos eram feitos de forma rústica, o papel utilizado era de polpa de madeira de baixa qualidade, de onde foi tirado o nome pulp, que significa polpa em português.
As revistas pulp tinham diversos temas e Bukowski as homenageou em seu livro abordando alguns deles: mistério, gangsters, horror, ficção científica e esportes. Na obra do escritor, esses assuntos são ilustrados, respectivamente, pelo detetive particular Nicky Belane, mafiosos italianos, uma personagem chamada Dona Morte, alienígenas e corridas de cavalo.
A trama de Pulp tem como protagonista um detetive que investiga casos estranhos, como o desaparecimento de um pardal vermelho, um adultério e o paradeiro de um escritor já falecido. Na maior parte do tempo, Belane fica sentado em seu escritório, fumando e bebendo. Enquanto isso, diversas histórias bizarras vão se cruzando e resolvendo sozinhas, sem que ele precise fazer muito. Outro ponto alto do romance é o humor. A relação entre Belane o credor de suas dívidas de aluguel, por exemplo, é hilária.
Diferentemente de outros livros do escritor, em Pulp o personagem principal não é Henry Chinaski, alter-ego de Bukowski e protagonista de romances famosos como Factótum e Misto-Quente. Apesar disso, o detetive lembra o personagem em muitos aspectos. O cinismo em relação ao mundo, as jornadas de bar em bar e o péssimo relacionamento com as mulheres são pontos comuns entre ambos. Um dos personagens mais interessantes da obra é Dona Morte, uma mulher bonita e misteriosa que contrata Nick Belane para encontrar Céline, o clássico escritor francês que havia escapado de sua foice.
De acordo com alguns críticos literários, a constante presença da morte em Pulp revela que o escritor entendia que este seria o seu último livro publicado em vida. Desta forma, o autor desenvolveu uma obra em que homenageia a chegada de seu próprio fim. Ao final do livro, Nick Belane está agonizando após levar uma saraivada de balas e, antes de morrer, tem a visão do pardal vermelho que tanto procurava desde o começo da história. A figura do pássaro é utilizada metaforicamente em alusão à Black Sparrow (pardal negro), editora que publicava os livros de Bukowski.
No trecho a seguir, nota-se a fixação do escritor com a morte em Pulp:
"Matei quatro moscas enquanto esperava. Porra, a morte estava em toda parte. Homem, pássaro, animal, réptil, roedor, inseto, peixe, não tinham a mínima chance. Tudo carta marcada. Eu não sabia o que fazer. Fiquei deprimido. Sabe, eu vejo um garoto de entregas no supermercado empacotando minhas compras, depois o vejo enfiando a si mesmo na própria cova, junto com o papel higiênico, a cerveja e o peito de frango".
Fontes:
BUKOWSKI, Charles. Pulp. Tradução de Marcos Santarrita. São Paulo: LP&M, 2012.
http://bibliodigital.unijui.edu.br:8080/xmlui/bitstream/handle/123456789/1605/TCC.pdf?sequence=1
http://en.wikipedia.org/wiki/Pulp_(novel)
http://www.grifonosso.com/2011/06/eras-dos-quadrinhos-revistas-pulp/
Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/livros/pulp/