Por Débora Carvalho Meldau
A Brucelose, conhecida também como mal de Bang, febre de malta ou aborto infeccioso, é considerada uma zoonose (transmitida do animal para o homem) distribuída mundialmente, e é responsável por consideráveis perdas econômicas dentro do rebanho bovino. Ela é produzida por diversas espécies do gênero Brucella, sendo que a causadora da brucelose em bovinos é a Brucella abortus.
As vias de infecção por esta bactéria em bovinos, é a via oral e a aerógena. Uma enorme quantidade da B. abortus é eliminada durante o aborto e partos de animais infectados, juntamente com a elevada resistência deste patógeno no meio ambiente, torna-se a principal via de contaminação. Outros hábitos, como os de cheirar e lamber o bezerro após o nascimento auxiliam na transmissão da bactéria. A transmissão através do coito é pequena, pois a vagina representa uma barreira que dificulta a infecção. Já a transmissão pela inseminação artificial é grande, pois o sêmen contaminado é depositado diretamente no útero da vaca, não havendo a barreira (vagina).
Quando a contaminação se dá por contato direto com fetos abortados, restos placentários e descarga uterina há a penetração da bactéria pela mucosa: nasofaringe, conjuntival ou genital e pele íntegra. Após esta penetração, o agente cai na corrente sanguínea sendo transportado para diversos tecidos e órgãos do corpo do animal, multiplicando-se.
O curso da doença depende do estágio fisiológico do animal. Animais que não chegaram à puberdade ainda, demonstram ser mais resistentes à infecção. Caso o animal na esteja gestante, esta bactéria provavelmente infectará tecidos linfóides e glândula mamária. Quando o animal torna-se gestante, a B. abortus migrar para o útero, provocando o aborto que ocorre na primeira gestação após a infecção, sendo muito menos freqüente na segunda e rara na terceira.
Os sinais clínicos clássicos observados nos animais infectados estão relacionados a problemas reprodutivos, como: aborto no terço final da gestação, natimortos, nascimentos de bezerros fracos e corrimentos vaginais. É comum haver retenção de placenta e infertilidade temporária ou permanente. Nos machos, pode causar orquite (inflamação do testículo), conseqüentemente, levando à infertilidade no animal devido à diminuição da qualidade espermática. Podem ser observadas lesões nas glândulas mamárias e lesões articulares (bursite e artrite).
A suspeita baseia-se nos sinais clínicos apresentados. Mas para confirmação é feito diagnóstico bacteriológico ou sorológico. O método mais comum de diagnóstico para a brucelose são as provas de aglutinação de soro sanguíneo, podendo ser usadas para detectar anticorpos no leite, no soro e no plasma seminal. As provas de muco vaginal com aglutininas contra Brucella podem ser relevantes. Os materiais de eleição para a realização do diagnóstico bacteriológico são: membranas fetais, fetos abortados, leite, swabsvaginais e sêmen. Estes matérias devem ser inoculados em meios de cultura que contenham antibióticos que não inibam o crescimento da Brucella sp.
Um programa de controle e erradicação desta doença deve contar com práticas que envolvam a identificação a e eliminação dos animais que estão infectados e também, com a indenização dos proprietários para que possam repor os animais eliminados, sendo que esta reposição deve ser feita, de preferência, utilizando-se terneiras, fêmeas jovens não prenhes, vacinadas ou provenientes de rebanhos livres. O controle é feito através da vacinação, geralmente utilizando-se a vacina de Brucella abortus viva, variedade 19, protegendo os animais sadios e eliminando, aos poucos, os animais doentes.
Quando a área é declarada livre de brucelose, a introdução de animais é feita, somente com animais que possuem teste soro aglutinação negativo, realizando-se testes anualmente.
Fontes:
http://www.cbra.org.br/pages/publicacoes/rbra/download/RB206%20Lage%20vr2%20pag202-212.pdf
http://www.cidasc.sc.gov.br/html/artigos/BRUCELOSE....(%20VICENTE).pdf