Por Débora Carvalho Meldau
Esta é uma doença infecto-contagiosa, conhecida também pelo nome de “Manqueira”, “Peste do Ano”, “Peste de Manqueira” e “Quarto inchado”. Antigamente era confundida com o Carbúnculo Verdadeiro ou Bacteriano, que é causada pelo Bacillus anthracis. Hoje já se sabe que são doenças distintas, sendo que o Carbúnculo Sintomático tem como agente o Clostridium chauvoei, bactéria anaeróbica, formadora de esporos, extremamente estável que está presente no meio ambiente.
O Carbúnculo Sintomático Verdadeiro (endógeno) é comum em bovinos, podendo também, atacar ovinos. Entretanto, a infecção que é iniciada por causa de um traumatismo (edema maligno) ocorre em outros animais.
Esta doença é resultado da multiplicação e produção de toxinas pelas bactérias presentes na musculatura e no subcutâneo dos animais afetados. Outros fatores, como por exemplo, intervenções cirúrgicas, traumas, isquemias vasculares, tumores e outras bactérias podem desencadear esta infecção. Estes fatores causam uma diminuição do oxigênio nos tecidos, favorecendo a germinação dos esporos dos clostridios ali presentes, com uma conseqüente produção de toxinas.
Existem duas formas de manifestação desta enfermidade, a forma clássica (mais frequente) que afeta a musculatura esquelética, e a visceral (raramente encontrada), que afeta principalmente o coração. A patogenia desta doença nos bovinos ainda não foi totalmente esclarecida. Na forma clássica, a hipótese mais aceita é a de que os esporos que estão no trato intestinal são carreados por macrófagos até a musculatura, permanecendo em latência. Lesões nas massas musculares criam um ambiente propício para a germinação dos esporos, e em seguida, para a produção de toxinas.
A contaminação mais frequente ocorre pela ingestão de pastos contaminados com esporos, sendo que os bovinos jovens com idade entre quatro meses e três anos são os mais susceptíveis. Os sinais clínicos apresentados pelos animais afetados são: febre, anorexia, depressão e manqueira quando há o comprometimento do membro, gerando severa claudicação. É encontrado edema no local e observa-se crepitação devido às bolhas de gás que são produzidas pela multiplicação das bactérias. A evolução desta doença é rápida, sendo que pode levar a morte dentro de 72 horas.
O diagnóstico definitivo geralmente pode ser baseado nos sinais, mas também podem ser realizados exames laboratoriais, como: PCR (Reação da Polimerase em Cadeia), esfregaço sanguíneo ou de órgãos e músculos lesionados e imunofluorescência direta.
Para o tratamento do carbúnculo são utilizados alguns antibióticos, como penicilina, sulfa e oxitetraciclina. Entretanto, como a doença tem um curso agudo, matando rapidamente, o tratamento geralmente é inútil.
O controle e a profilaxia são baseados em medidas adequadas de manejo e vacinação de todo o rebanho. As vacinas proporcionam um alto grau de imunidade contra as clostridioses, sendo que a primeira dose deve ser aplicada 60 dias após o nascimento, e a segunda quatro semanas antes do desmame, realizando a revacinação anualmente em todo o rebanho, em uma única dose.
Fontes:
http://www.qualittas.com.br/documentos/Carbunculo%20Sintomatico.pdf
http://www.biologico.sp.gov.br/docs/arq/V73_2/gregory2.PDF
http://www.vallee.com.br/doencas.php/1/13