A ceratoconjuntivite infecciosa bovina (CIB), também conhecida como “pinkeye” e olho branco, é a afecção ocular mais comum em bovinos. Apresenta como agente etiológico a Moraxella bovis, que é uma bactéria gram-negativa, diplobacilar, que apresenta formas hemilíticas (meses quentes) e não hemilíticas (inverno), amplamente disseminada e extremamente contagiosa.
Esta enfermidade tem sido observada nos Estados Unidos, Austrália e em muitos países da América do Sul, como Argentina, Brasil e Uruguai.
Sua transmissão ocorre pelo contato direto, descarga nasal ou ocular e, especialmente, por vetores mecânicos, como moscas. Acomete animais de todas as idades, independentemente da idade, sexo e raça, sendo que em propriedades endêmicas, a incidência é mais elevada nos animais jovens.
O mecanismo primário de patogenicidade da M. bovis são as fímbrias, que são apêndices filamentosos de superfície, que possui como função a fixação do microrganismo a receptores específicos das células epiteliais da córnea e conjuntiva. Essas estruturas, além de importantes imunógenos, são também imprescindíveis para a colonização do hospedeiro.
A CIB pode apresentar curso agudo, subagudo ou crônico, acometendo apenas um ou ambos os olhos. As primeiras manifestações clínicas são: intenso lacrimejamento, fotofobia e blefaroespasmo, precedidos de opacidade da região central da córnea, que pode progredir para ulceração, resultando em cegueira temporária ou permanente, descematocele e ruptura da córnea.
Embora não seja fatal, a CIB é responsável por considerável prejuízo econômico, pois leva à redução de peso dos animais, bem como na produção de leite, gastos com tratamentos repetitivos, desvalorização comercial e possíveis descartes de animais que apresentam seqüelas oculares.
O tratamento é feito por meio da administração de antibióticos via parenteral ou uso de produtos tópicos. Antes da introdução da terapêutica, é necessário realizar um antibiograma para ver qual produto é adequado para o caso. O tratamento deve ser iniciado o mais depressa possível, na tentativa de impedir o surgimento de lesões irreparáveis na córnea.
No início da lesão, recomenda-se aplicar corticosteróides em associação com o antibiótico tópico no saco conjuntival diariamente, até que ocorre a resolução do quadro.
O controle e profilaxia ocorrem por meio da vacinação do rebanho, com vacinas que contenham antígenos de fímbrias, sendo que sua aplicação deve ser feita antes do surgimento dos casos clínicos, a partir dos 4 meses de vida. Nos animais primovacinados, deve-se fazer uma segunda dose 21 dias após a primeira vacinação. O controle de moscas (vetores mecânicos) também é importante.
Fontes:
https://web.archive.org/web/20101207092926/http://www.veterinaria-nos-tropicos.org.br/volume11/pg%2025.pdf
https://web.archive.org/web/20050424175838/http://www.limousin.com.br:80/pages/artigos/vendo.asp?ID=52
https://web.archive.org/web/20120720091301/http://www.vallee.com.br:80/doencas.php/1/16
http://www.compuland.com.br/oftalvet/ceratobv.htm
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-84782003000400033
Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/medicina-veterinaria/ceratoconjuntivite-infecciosa-bovina/