Eutanásia em Animais

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Por Débora Carvalho Meldau

O termo eutanásia (do grego eu= bem, bom; thánatos=morte) é referente à morte sem sofrimento. É uma prática pela qual se interrompe o sofrimento de um indivíduo portador de moléstia incurável. Esta é uma prática mundialmente discutida quando relacionada à espécie humana, sendo proibida sua realização na maior parte do mundo. Na medicina veterinária, esta prática é utilizada para interromper o sofrimento de um animal em decorrência de processos muito dolorosos ou incuráveis e, diferentemente do que acontece com a espécie humana, este procedimento pode ser indicado pelo médico veterinário, de acordo com a legislação vigente.

Ainda não há um agente ideal para a realização da eutanásia. Os profissionais procuram fazer associações de diferentes agentes com o objetivo de melhorar a qualidade e a eficiência da prática. As características de um bom agente para eutanásia são:

  • Promover indução suave, sem dor, sem alterações comportamentais, sem causar medo, espasmos ou ansiedade;
  • Causar indução rápida, pois a inconsciência e a morte devem ocorrer de forma rápida;
  • Ser seguro e de fácil utilização para o profissional que manipula o agente;
  • Não causar contaminação sanitária e ao meio ambiente;
  • Não deixar resíduos ou lesões teciduais que poderiam vir a prejudicar a necropsia;
  • Custo acessível.

Foto: improvize / Shutterstock.com

Os agentes que podem ser usados para a realização da eutanásia são:

  • Barbitúricos: são depressores gerais do sistema nervoso central (SNC), produzindo uma depressão central gradativamente. São os agentes usados para eutanásia mais próximos daquele considerado ideal. O pentobarbital sódico, admnistrado por via endovenosa é o mais utilizado, podendo também ser administrado por via intraperitoneal e intracardíaca.
  • T-61® (marca registrada da Hoechst Roussel Vet): foi lançado na Alemanha para eutanásia de cães, gatos, ruminantes e equídeos. Este produto é uma associação do anestésico geral embutramida, do agente curarizante membezônico e do anestésico local tetracaína. É administrado por via endovenosa e leva à eutanásia devido à intensa depressão do SNC, hipóxia e colapso circulatório.
  • Anestésicos inalatórios: são vários, como o éter, o halotano, o enfluorano, o isofluorano, o óxido nítrico, entre outros. Usados para eutanásia de animais de pequeno porto. São administrados em câmara fechada e a morte é rápida quando a concentração anestésica é alta no ambiente.
  • Dióxido de Carbono (CO2): é um gás anestésico que tem sido recomendado para insensibilização de suínos e aves antes do abate. Pode ser administrado em câmaras na concentração de 30 a 40% para eutanásia de grande parte dos animais de laboratório e, cães e gatos recém-nascidos; para a insensibilização de suínos a concentração recomendada é de 70%, para aves 30%.
  • Nitrogênio (N2): antigamente, era utilizado para eutanásia de cães e gatos, mas durante a inconsciência o animal pode apresentar respiração irregular, vocalização, tremores musculares e convulsões. Era realizada em câmaras onde era injetado nitrogênio durante um período de 45-50 segundos, levando à hipóxia.
  • Monóxido de Carbono (CO): provoca hipóxia tecidual em decorrência do deslocamento do oxigênio da hemoglobina, formando a carboxihemoglobina, pois possui uma afinidade 200 vezes maior por esta célula, do que o oxigênio.
  • Eletricidade: a eletrocussão pode causar a morte, principalmente por fibrilação cardíaca. Não é indicada para eutanásia, pois possuem diversas desvantagens, como ser perigosa para o aplicador, demorada, possui difícil execução, não confere aceitabilidade ao observador, entre outras.
  • Pistola Pneumática: é um equipamento que possui um êmbolo cativo, acionado por ar comprimido, que surgiu para substituir a marreta utilizada para insensibilizar animais antes do abate. Esta deve ser posicionada na cabeça do animal, de tal forma que ao ser acionada, provoque uma pancada súbita e penetrante no crânio, gerando uma lesão perfuro-contundente com laceração encefálica, promovendo a inconsciência no animal.
  • Armas de fogo: muito utilizadas no abate sanitário para erradicar ou controlar epizootias e zoonoses. Outro exemplo, é quando a torna-se impossível se aproximar de um animal, e este, representa riscos para outros animais ou para o próprio homem. É importante que a arma esteja sempre o mais próximo possível do crânio do animal, assegurando assim eutanásia instantânea.
  • Concussão cerebral, luxação cervical, guilhotina e irradiação de microondas: métodos utilizados para pequenos animais de laboratório.
  • Câmara de vácuo: foi utilizado para eutanásia de pequenos animais, como cães e gatos. Os animais eram colocados em câmaras e o ar era rapidamente extraído dela, através de uma bomba, gerando um vácuo parcial. Os animais permaneciam nesta câmara por 10 a 20 minutos e apresentavam inconsciência devido à hipóxia, respiração irregular, contrações musculares reflexas e convulsões.

Existem alguns agentes físicos e químicos que não devem ser utilizados para eutanásia em conseqüência do sofrimento que podem causar. Estes agentes são:

  • Agentes curarizantes;
  • Estricnina;
  • Nicotina;
  • Drogas de ação no coração;
  • Gás ou solução de cianeto
  • Embolia gasosa e anestésicos voláteis por via endovenosa;
  • Sangria

Fontes:
Farmacologia Aplicada à Medicina Veterinária – Helenice de Souza Spinosa, Silvana Lima Górniak e Maria Martha Bernardi. Editora Guanabara Koogan, 4° edição, 2006.

http://www.saudeanimal.com.br/artig154.htm

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Arquivado em: Medicina Veterinária
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