A peritonite infecciosa felina (PIF) é uma doença viral imunomediada, que tem como agente etiológico um coronavírus.
Nos gatos, as cepas de coronavírus apresentam um amplo espectro de virulência, causando desde enterites de graus variáveis, até uma doença sistêmica, que é a PIF. O coronavírus em questão, também denominado vírus da peritonite infeciosa felina (FIPV) é uma mutação do coronavirus entérico felino.
Foi descrita pela primeira vez na década de 60 e, desde essa época, foram relatados diversos casos em felinos domésticos e selvagens em todo o mundo.
Esta é uma doença sistêmica, progressiva e fatal. Ataca animais com menos de 3 anos e mais de 10 anos de idade. A transmissão se dá pelas secreções orais, respiratórias, fezes, e possivelmente urina, e a infecção acontece através da ingestão ou da inalação quando há contato íntimo. O período de incubação desse vírus é muito inconstante, podendo ser de dias a semanas.
Após ocorrida a infecção, o vírus irá replicar-se no epitélio intestinal, nas tonsilas e, por conseguinte, nos linfonodos regionais. A viremia ocorrida após a replicação primária leva à infecção de macrófagos, especialmente em tecidos com abundante vascularização ou com circulação sinusoidal. Subseqüentemente, ocorre uma viremia secundária, juntamente com a disseminação dos macrófagos. Nesse ponto, a replicação viral e a evolução da doença poderão ser freadas.
A propagação da afecção irá depender da resposta imunológica do hospedeiro. São conhecidas três formas da doença: forma efusiva ou úmida; forma não-efusiva ou seca; e uma terceira forma mista que é a associação das duas primeiras.
Animais que sintetizam anticorpos, mas não desenvolvem imunidade celular, progride para a PIF efusiva. Nesse caso, os macrófagos que apresentam vírus no seu interior se aglomeram em volta de vasos e no interstício tecidual. Deste modo, as lesões vasculares resultam em efusão dos fluídos abundantes em proteína, o que característica a PIF efusiva. O dano endotelial pode colaborar, também, para a ocorrência da coagulação intravascular disseminada (CID), presente nos estágios finais da doença.
O resultado de uma resposta imunomediada por células, parcialmente protetoras, mas inábil para barrar o vírus, é a PIF não-efusiva. Quando isso acontece, a infecção é bloqueada, mas pode voltar a aparecer dentro de semanas ou meses. A presença prévia de anticorpos para o vírus em questão, ou a exacerbada produção de anticorpos não neutralizantes, leva à formação de imunocomplexos, que se acumulam nas paredes dos vasos. Deste modo, são desencadeadas reações hipersensibilidade do tipo II nas paredes de arteríolas e vênulas, principalmente no fígado e rins. O infiltrado celular perivascular normalmente caracteriza a constituição de um piogranuloma; todavia, a lesão nunca evoluiu ou caracteriza-se como um granuloma verdadeiro. Existem hipóteses que sugerem que animais com PIF não-efusiva tenham desenvolvido anteriormente a forma efusiva.
O diagnóstico é feito com base no histórico, sinais clínicos, juntamente resultados de exames laboratoriais, complementados por exames histopatológicos.
Existe o teste para PIF que ainda não é feito no Brasil, apenas nos Estados Unidos, sendo por esse motivo oneroso. É feito pela imunofluorescência indireta, observando se há a presença de anticorpos para o vírus e determinando sua quantidade (título). Títulos superiores à 1:1600 indicam infecção ativa. Caso o animal seja sintomático, deve ser submetido à eutanásia.
Animais com elevados títulos, mas assintomáticos, são portadores, devendo permanecer isolados durante o tratamento para prolongar sua vida. Depois de detectada a doença, a expectativa de vida é de dois anos, no máximo. Contudo, a evolução do quadro é rápida e fatal, mesmo que seja realizado o tratamento de apoio.
A prevenção é feita por meio da vacina intranasal, na 16° semana de vida. No entanto, esta está disponível apenas nos Estados Unidos.
Fontes:
https://web.archive.org/web/20160718205727/http://www.dr-addie.com:80/Portuguese/whatisFIPport.html
http://www.utp.br/medicinaveterinaria/jornadaacademica/PERIT_INFEC.pdf
http://www.scielo.br/pdf/cr/v33n5/17138.pdf
http://www.lepetitchat.com/info/pif.htm
http://pt.wikipedia.org/wiki/Peritonite_infecciosa_felina
http://www.abcd-vets.org/factsheet/pt/pdf/PT_FIP_Peritonite_infecciosa_felina.pdf
http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/fzva/article/viewFile/2007/1512
Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/medicina-veterinaria/peritonite-infecciosa-felina/