Por Débora Carvalho Meldau
Existem três principais métodos de tratamento de neoplasias em animais, assim como em seres humanos, são:
- Cirurgia;
- Radioterapia;
- Quimioterapia.
A terapia do câncer deve ser feita especificamente para se adequar a um caso individual, levando em consideração biologia, histologia, grau e extensão do tumor.
A quimioterapia antineoplásica se tornou um método aceito de tratamento de câncer na prática de pequenos animais e a indicação para drogas citotóxicas estão sempre aumentando.
Muitos fármacos distintos foram identificados como apresentando atividade antineoplásica. Esses agentes podem ser divididos em grupos com base em seu modo de ação, atividade antitumoral e toxicidade. As drogas citotóxicas atuam no processo de crescimento e divisão celular e, dessa forma, são mais efetivas contra células em crescimento ou em divisão.
Tumores distintos não são igualmente sensíveis ou responsivos a drogas citotóxicas. Os principais fatores que determinam a resposta de uma neoplasia às drogas são:
- Taxa de crescimento da neoplasia;
- Resistência à droga.
Certas neoplasias ou células neoplásicas são resistentes e podem evitar a ação dos fármacos por meio de diversos mecanismos bioquímicos e metabólicos. Células tumorais podem também adquirir resistência a drogas.
A quimioterapia normalmente envolve condutas de tratamentos em que diferentes fases são descritas de acordo com o resultado objetivado. As etapas são:
- Terapia de indução: tem como objetivo diminuir a carga tumoral a um nível mínimo abaixo dos limites de detecção, isto é, remissão. A indução geralmente envolve um procedimento intensivo de tratamento administrado durante um tempo pré-determinado. Remissão clínica não significado cura; a menos que o tratamento seja continuado, uma rápida expansão da massa de tumor residual resultará em recorrência da doença.
- Terapia de manutenção: quando é possível alcançar a remissão clínica por meio do tratamento de indução, um regime de tratamento menos intensivo pode ser adotado para manter a remissão.
- Terapia de resgate: em certos casos, o tumor pode não responder à terapia inicial; em outros, a resposta inicial aparentemente é boa, mas o tumor retorna ou recidiva apesar do tratamento contínuo. A terapia de resgate objetiva estabelecer uma remissão mais favorecida do tumor, o que normalmente envolve auxílio de terapia mais agressiva.
A principal indicação para quimioterapia como primeira linha de tratamento é em distúrbios linfoproliferativos e mieloproliferativos, como por exemplo:
- Linfoma;
- Mieloma;
- Tipos de leucemia.
Por esses tipos de neoplasias serem de natureza sistêmica, elas geralmente respondem favoravelmente às drogas citotóxicas. A quimioterapia é raramente de valor como tratamento único para tumores sólidos, isto é, não linfóides.
As complicações da quimioterapia podem surgir a qualquer época durante a terapia, Alguns agentes citotóxicos podem induzir às reações de hipersensibilidade imediata. Alguns agentes são extremamente irritantes e podem resultar em diversas reações teciduais locais caso ocorra vazamento perivascular. As ações de drogas citotóxicas não são seletivas para células tumorais e seus efeitos em tecidos normais resultam em toxicidade e efeitos colaterais. Órgãos que apresentam elevada proporção de células em divisão são mais susceptíveis à toxicidade induzida por drogas. Deste modo, os efeitos colaterais mais comuns da quimioterapia são:
- Toxicidade na medula óssea: mielossupressão, neutropenia e trombocitopenia.
- Toxicidade gastrointestinal: anorexia, náuseas, vômito e diarréia.
No entanto, esses tecidos são capazes de se recuperar dos danos causados pelas drogas citotóxicas, através do recrutamento de células precursoras latentes. Embora potencialmente prejudiciais, tais efeitos tóxicos são rapidamente revertidos com a interrupção do tratamento. Todavia, alguns agentes citotóxicos apresentam efeitos colaterais menos reversíveis, como cistite hemorrágica, cardiomiopatia e nefrotoxicidade.
Fontes:
Oncologia em Pequenos Animais – Joanna Morris & Jane Dobson. Editora Roca, 2007.
http://www.saudeanimal.com.br/artigo81.htm
http://www.webanimal.com.br/cao/index2.asp?menu=onco2.htm