A rodococose é uma doença infecto-contagiosa, que apresenta como agente etiológico a bactéria Rodococcus equi, que ataca animais domésticos, selvagens e o homem. Este microrganismo é um cocobacilo capsulado intracelular facultativo de macrófagos, oportunista, que vive no solo e trato intestinal de aves e mamíferos e não multiplica-se em temperaturas superiores à 10° C.
Dentre os animais, afeta mais comumente os eqüinos, especialmente potros, sendo esporádica sua ocorrência em animais adultos. Clinicamente, a doença caracteriza-se principalmente por apresentar broncopneumonia abscedante em lactentes e, menos freqüentemente, distúrbios entéricos e/ou articulares.
No Brasil, esta doença é considerada uma das mais graves na criação de potros. Apresenta alta mortalidade, mesmo que seja realizado tratamento adequado.
A contaminação por essa bactéria ocorre por ingestão, inalação dos aerossóis contaminados (mais comum), transmissão vertical (durante a gestação) ou por migração de larvas parasitarias do trato gastrointestinal. Habitualmente, é uma afecção casual, embora possa ser endêmica em certas fazendas, com casos ocorrendo todos os anos.
Normalmente acomete potros de 4 a 6 meses de idade, ocasionalmente podendo afetar animais mais jovens quando estes apresentam perda parcial ou total de transferência passiva de anticorpos pelo colostro.
O curso da doença pode ser agudo, levando rapidamente à morte, devido à grave pneumonia, ou crônico, durando de 30 a 40 dias. O quadro clínico inclui febre, tosse com ou sem rinorréia, presença de ruídos na ausculta pulmonar e diarréia, quando há comprometimento entérico. Também podem estar presentes artrite, osteomielite, abscessos subcutâneos, renal, hepático, cerebral e reticuloperitoneal; além de bacteremia e meningite.
Dentro os exames complementares, o teste mais confiável é o isolamento microbiano. Este, por sua vez, é feito, de preferência, através do lavado trans-traqueal. Exames citológicos diretos de órgãos, de material centrifugado de lavados traqueais e de líquido sinovial são opções para o diagnóstico da doença.
Na necropsia, são observados abscessos bem delimitados no interior do pulmão, broncopneumonia, severo comprometimento intestinal com lesões nos vasos linfáticos mesentéricos e linfonodos associados.
A histopatologia revela a presença de processos piogranulomatosos, havendo grande quantidade de macrófagos, linfócitos e neutrófilos degenerados, células-gigantes e enorme contingente de microrganismos no citoplasma de fagócitos, envoltos por cápsula fibrosa.
O tratamento da afecção tem por base a antibioticoterapia, com a associação de eritromicina, na dose de 20 a 25mg/kg, por via oral, a cada 6 horas com rifampicina na dose de 5mg/kg, por via oral, a cada 12 horas. Em muitos casos é necessária a realização de um tratamento prolongado, por 7 a 10 dias. Para o tratamento suporte, recomenda-se oxigenoterapia, antitérmicos, inalação com expectorantes ou mucolíticos e broncodilatadores, complexos vitamínicos e fluidoterapia intravenosa.
O controle é feito evitando-se a aglomeração de éguas e potros, em associação com a realização sistemática de higiene dos potreiros, injeções de penicilina de longa ação nos potros na primeira semana de vida, e redução das infestações por endoparasitos.
Fontes:
http://www.fmvz.unesp.br/revista/volumes/vol14_n2/Revista%20v14n02_2007_9_25.pdf
http://www.equalli.com.br/upload/textos/pdf/prt/47.pdf
https://web.archive.org/web/20090515033436/http://www.bichoonline.com.br:80/artigos/se0011.htm
https://web.archive.org/web/20120306051154/http://www.vallee.com.br:80/doencas.php/3/59
Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/medicina-veterinaria/rodococose-equina/