O exame de sangue é uma análise detalhada do fluído sanguíneo. O sangue é composto por uma porção líquida (plasma) e por células de 3 categorias: glóbulos vermelhos (hemácias), glóbulos brancos (leucócitos) e plaquetas. A análise da porção celular recebe o nome de hemograma, sendo este composto pelo eritrograma (que descreve a série vermelha das células sanguíneas), o leucograma (que apresenta resultados sobre a série branca) e as plaquetas. Além do hemograma, um exame de sangue completo também traz informações acerca do fator Rh, do grupo sanguíneo no sistema ABO, da concentração de glicose no sangue (glicemia), dos valores de colesterol total e suas frações, triglicerídeos, ureia e creatina séricas. Baseado em todos esses resultados, um profissional da saúde capacitado pode fazer diversas inferências sobre o estado de saúde de uma pessoa.
Todos os parâmetros medidos em um exame de sangue são comparados com valores de referência ou desejáveis, que são calculados baseado em uma série de fatores incluindo idade, sexo e localização geográfica. Assim, pessoas que morem em países distintos podem ser comparadas com padrões ligeiramente diferentes. Populações de locais muito elevados, por exemplo, apresentam uma maior quantidade de hemácias no sangue.
O grupo sanguíneo é determinado através do uso de soros anti A, anti B e anti AB. Dependendo do composto químico específico presente nas hemácias elas reagem de maneira distinta. O tipo sanguíneo “O” é detectado quando não há reação das hemácias com nenhum soro. De maneira similar, o fator Rh é encontrado quando o sangue fica incubado com antígenos Rh fracos. Os resultados possíveis são o positivo e o negativo, que é mais raro.
A glicemia demonstra a concentração de glicose no sangue. A Organização Mundial da Saúde determina que os valores desejáveis, estimados durante um período de jejum de 12 horas, devem estar entre 70 e 99 mg de glicose por dL de soro sanguíneo. Valores acima de 100, mas abaixo de 125 mg/dL são considerados limítrofes, indicando uma preocupação com a condição de pré-diabetes. Valores acima de 126 mg/dL são agrupados na categoria de diabéticos. Essa informação é muito relevante pois a diabetes é uma doença que pode afetar os rins, coração, olhos e cérebro.
As análises de colesterol e triglicerídeos dizem respeito a maneira como o corpo está lidando com a digestão e absorção de lipídeos e também podem demonstrar se a pessoa se alimenta de maneira adequada. O colesterol total mostra a concentração em mg desta molécula por volume de sangue. O desejável, segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia, são valores abaixo de 190 mg/dL. Pessoas com mais de 240 mg/dL podem representar tanto hipercolesterolemia genética quanto pessoas previamente saudáveis que devido à alta ingestão de gorduras encontram-se em situação de risco, recomendando-se uma alteração da dieta e do estilo de vida. Também são medidos o HDL e o LDL, lipoproteínas que transportam o colesterol no sangue, e os triglicerídeos, gordura que serve de reserva energética do corpo.
Por fim, a medição de ureia e creatinina séricas representam uma avaliação da atividade renal. Para a Sociedade Brasileira de Nefrologia, os valores de referência desejáveis para cada parâmetro estão entre 10 e 50 mg/dL de ureia e entre 0,7 e 1,2 mg/dL de creatinina em pessoas acima de 18 anos. Valores elevados destas substâncias indicam incapacidade dos rins em filtrar corretamente o sangue e podem ser indícios de insuficiência renal.
Referencias:
Barretto, A. C. P., Drumond Neto, C., Mady, C., Albuquerque, D. C. D., Brindeiro Filho, D. F., Braile, D. M., & Atié, J. (2002). Revisão das II Diretrizes da Sociedade Brasileira de Cardiologia para o diagnóstico e tratamento da insuficiência cardíaca. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, 79, 1-30.
de Barrosb, E. J. G., Homsic, E., de A Burdmannd, E., Cendoroglo, M., Netoe, M. Y. I., & dos Santose, O. P. (2002). Insuficiência renal aguda: diretriz da Sociedade Brasileira de Nefrologia. J Bras Nefrol, 24(1), 37-9.
Gabir, M. M., Hanson, R. L., Dabelea, D., Imperatore, G., Roumain, J., Bennett, P. H., & Knowler, W. C. (2000). The 1997 American Diabetes Association and 1999 World Health Organization criteria for hyperglycemia in the diagnosis and prediction of diabetes. Diabetes care, 23(8), 1108-1112.