A teoria da memória celular pressupõe que as células do organismo humano detêm o poder da memória, e são, portanto, capazes de armazenar costumes, valores e inclinações, tanto quanto os neurônios. Desta forma, qualquer órgão transplantado de uma pessoa para outra pode levar consigo estas informações e incorporá-las ao modo de ser do receptor desta estrutura celular.
Há pesquisas e testemunhos que apontam a incidência destes eventos em pacientes transplantados; vários deles admitem ter desenvolvido novas práticas e tendências, as quais descobrem, posteriormente, serem frequentes naqueles que doaram os órgãos. Lars Jansen, cientista português, foi contemplado com o Prêmio Crioestaminal 2009 por suas investigações sobre este tema.
Lars afirma que uma célula pertencente ao músculo, por exemplo, tem lembranças específicas, mesmo que seus genes sejam semelhantes aos de um neurônio. Deduz-se desta constatação que cada célula possui uma identidade própria, legada a ela no processo incessante de divisões celulares; assim, pode-se concluir que, neste mecanismo, não são enviados apenas genes às células, mas também alguma outra herança significativa.
Outro pesquisador que aborda seriamente esta questão é o neuroimunologista Paul Pearsall. Em 2002 um estudo abrangente sobre memória celular foi divulgado pelo veículo científico Journal of Near-Death Studies. Este artigo engloba as 150 entrevistas elaboradas pelo cientista com pacientes transplantados que receberam o coração ou o pulmão de outra pessoa.
Paul conclui que estes órgãos detêm células vivas com um incrível manancial de dados transmitidos pela memória destas estruturas. Ele aprofunda esta temática na obra denominada ‘O Código do Coração’. Entre vários depoimentos presentes neste livro há a história de uma garota de dez anos a quem é doado o coração de uma menina de oito anos, algumas horas depois de sua trágica morte, perpetrada por um criminoso então desconhecido. Após algum tempo, a paciente testemunha em sonhos o momento do crime e consegue descrever para os policiais todos os detalhes, o que permite finalmente a captura do assassino.
No caso do coração, alguns estudos têm revelado que o cérebro e este órgão interagem através do sistema nervoso de tal forma que parece haver entre ambos um diálogo mútuo. Assim, eles poderiam se influenciar reciprocamente. Várias pesquisas apontam para a existência de uma estrutura cerebral própria no coração, com sua rede de neurônios, transmissores, proteínas, entre outros elementos imprescindíveis. Este complexo confere a ele condições de atuar de forma autônoma, e possivelmente o dom de sentir e a capacidade de percepção.
É este sistema nervoso autônomo que possibilita o funcionamento do órgão em outro organismo; se ele realmente comporta um cérebro complementar, pode também armazenar em seu arquivo celular o que se entende por memória. Estes eventos não são, porém, conclusivos o suficiente para propiciar uma evidência científica irrefutável nos meios acadêmicos.
Fontes:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Memória_celular
http://www.cienciahoje.pt/index.php?oid=36853&op=all
Titania Hardie. O Labirinto da Rosa. Editora Rocco, Rio de Janeiro, 2010.