Morte Súbita

Por Caroline Faria
Categorias: Medicina
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Chamamos de morte súbita aquela que ocorre de forma inesperada tanto com pessoas doentes quanto com pessoas consideradas sadias, ou sem nenhum problema de saúde aparente e sem que tenha havido qualquer trauma, violência ou acidente que justifique a morte.

Talvez, o caso mais antigo e famoso de morte súbita seja o do soldado grego Filipides (ou Pheidíppides, segundo outras fontes) que, em 490 a.C., correu 42 quilômetros da planície litorânea de Maratona até Atenas para dar notícia da vitória grega sobre os Persas e que, logo após dar a notícia, teria caído morto passando então a ser considerado um herói no legendário episódio que deu origem às Maratonas. Mas se acontecesse hoje talvez descobríssemos que Filipides morreu apenas de uma arritmia cardíaca causada pelo grande esforço durante a corrida como pode ocorrer, e ocorre, com tantas outras pessoas.

Mas como e porque alguém morre assim?

A morte súbita é muito comum em bebês no primeiro ano de vida, principalmente próximo ao terceiro e quarto mês, mas excluindo-se esta situação, também pode ocorrer em pessoas adultas ou jovens devido principalmente a problemas cardíacos.

Bebês

Em bebês a ocorrência da “Síndrome de Morte Súbita na Infância” (Sudden Infant Death Syndrome - SIDS) ainda é pouco conhecida, porém, sabe-se que grande parte das ocorrências de SIDS podem ser evitadas com uma simples mudança da posição do bebê no berço enquanto dorme. Campanhas realizadas em diversos países como EUA., Austrália, Holanda e Canadá, além de outros, incentivando os pais a colocarem seus bebês para dormir de costas no berço (decúbito dorsal), ao invés de bruços (decúbito ventral) revelaram uma queda acentuada na incidência de SIDS comparando-se os dados antes e depois das campanhas.

Entretanto, não há consenso sobre os mecanismos que envolvem a morte súbita de bebês sendo que a ocorrência de SIDS já foi associada a hipertermia, mãe fumante e outras possíveis causas porém sem comprovação. A única certeza é de que colocar o bebê de costas no berço, ou mesmo de lado desde que haja um apoio para as costas, reduz e muito as chances de óbito.

Adultos e Jovens

Já em adultos ou jovens a ocorrência de morte súbita pode ter diversas explicações que podem ser constatadas facilmente em um exame post mortem e, não raro, estão relacionada a problemas cardíacos ignorados pelo paciente e pelos seus familiares.

Em jovens a morte súbita está cada vez mais relacionada à ingestão de drogas como o ecstasy e a cocaína que alteram os batimentos cardíacos ao mesmo tempo em que há a liberação de adrenalina associada à prática de atividades físicas como, por exemplo, dançar, causando um distúrbio dos batimentos do coração que podem levar a uma parada cardíaca. A ingestão sem recomendação médica de alguns medicamentos como aqueles para emagrecer e anti-depressivos também podem levar a problemas cardíacos, ainda mais se seu uso estiver associado com bebidas alcoólicas.

Em adultos o principal problema relacionado à morte súbita é a doença arterial coronária responsável pela morte de cerca de 220.000 norte-americanos por ano sem que haja a hospitalização (INCOR) (não há estatísticas no Brasil). Em outros casos, mais raros, a morte súbita pode estar relacionada a problemas genéticos ou de nascimento que afetam o funcionamento do coração ou outros órgãos vitais.

Na maioria dos casos de morte súbita as vítimas sequer sabem que tem algum problema cardíaco, por isso a importância dos exames preventivos periódicos ainda mais se você estiver em algum dos grupos de risco (quem já tem casos de doença cardíaca na família, fumantes, sedentários e etc.).

Quando há a parada cardíaca a pessoa tem apenas sete minutos para que se inicia a morte cerebral devido a falta de oxigênio. Assim é importantíssimo que haja pessoas preparadas para dar o atendimento de emergência até que a equipe médica chegue ao local ou que o paciente seja levado ao hospital. Foi o que aconteceu em 2004 quando o jogador Serginho do São Caetano morreu após sofrer uma parada cardíaca durante um jogo de futebol. Embora ele tenha recebido massagem cardíaca do médico do clube que estava em campo a demora em levá-lo a um hospital e a falta de um desfibrilador em campo foram determinantes neste caso.

Aliás, quando se trata de atletas que são constantemente levados ao limite físico, os cuidados devem ser redobrados e não só no caso de jogadores de futebol. Lutadores de boxe, por exemplo, correm o risco de sofrer uma parada cardíaca se levarem um golpe forte no chamado plexo solar (na região do abdômen), por isso é que se proíbem os golpes na linha da cintura.

Fontes
CASTRO ECC & PERES LC. Síndrome da morte súbita na infância. Medicina, Ribeirão Preto, 31: 584-594,
out./dez. 1998.

http://www.abcdasaude.com.br/artigo.php?593

http://aventure-se.ig.com.br/materias/16/0601-0700/683/683_01.html
http://www.incor.usp.br/conteudo-medico/geral/morte%20subita.html
http://www.revistafator.com.br/ver_noticia.php?not=78621

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