A psiquiatria – expressão grega que significa “arte de curar a alma” -, é um dos ramos da Medicina, o qual se direciona para o estudo das perturbações psíquicas humanas. Ela tem como objetivo evitar que elas ocorram, diagnosticar e tratá-las quando já se encontram em curso. Sejam elas de natureza física ou independente de qualquer lesão orgânica, como a depressão e o transtorno bipolar, entre outros, o psiquiatra busca sua cura ou pelo menos tenta amenizar o sofrimento do paciente.
Para que isso ocorra, o profissional deve realizar uma anamnese completa do enfermo, do ponto de vista orgânico, psíquico, social, mental, etc. Devem-se usar todos os recursos necessários, desde exames laboratoriais até um diagnóstico biológico efetuado no próprio consultório, passando por avaliações imagéticas e neurológicas. Concluído esse processo, é indispensável procurar o melhor tratamento, com psicotrópicos, através de terapias psicológicas ou até mesmo por meio de uma fusão de ambos.
Os psiquiatras costumam recorrer mais aos medicamentos do que a outras terapêuticas, mas alguns também apelam para métodos controversos, como a eletroconvulsoterapia – tratamento realizado através de eletrochoques nas têmporas, sob a ação de anestésicos -, e às vezes é preciso indicar a pacientes em estado mais crítico uma internação temporária.
Ao longo da História encontram-se referências a casos de distúrbios psíquicos, desde os primórdios da Humanidade. Há histórias narradas por historiadores, poetas, pintores, médicos, entre outros. Alguns déspotas, como os Imperadores Romanos Calígula e Nero, são exemplos familiares de perturbações mais radicais. Retornando ainda mais no tempo, é possível achar relatos de sacerdotes babilônicos e egípcios sobre desequilíbrios mentais, justificados em parte por teorias de natureza espiritual. Era comum atribuir-se ao cérebro e ao útero a responsabilidade por estas desordens emocionais, daí a expressão ‘histeria’ – provinda de ‘hysteros’, útero -, até hoje amplamente utilizada.
Entre os gregos, as enfermidades psíquicas eram consideradas frutos de atos vingativos dos deuses, ponto de vista que, com o desenvolvimento científico, foi se transformando e adquirindo conotações mais objetivas, percebendo-se então o papel dos fatores naturais no surgimento destas doenças. Empédocles e Hipócrates tiveram uma atuação fundamental no avanço do pensamento grego nesta direção. Este, considerado o pai da Medicina, foi pioneiro na percepção de que a epilepsia era um distúrbio da esfera cerebral. Muito à frente de seu tempo, já se dava conta do desempenho secundário dos médicos no reequilíbrio dos pacientes, sendo a Natureza a protagonista deste processo.
A Psiquiatria, porém, teve sua provável origem no século V a.C., ao passo que coube à Era Medieval testemunhar o surgimento dos primeiros hospitais psiquiátricos. Esta disciplina teve seu desenvolvimento acelerado no século XVIII, que viu os mecanismos de cura utilizados pelos psiquiatras e as casas de recuperação para enfermos mentais se humanizarem. O século XX propiciou o ressurgimento da visão biológica destas enfermidades, a adoção de remédios para estes males e a divisão em categorias das patologias mentais. Nos anos 60 nasceu a antipsiquiatria, corrente que se volta contra os métodos utilizados pela Psiquiatria. A Ciência continua, hoje, a buscar respostas para melhor compreender os transtornos psíquicos.