Pandora, na mitologia grega, é considerada como a mulher que, como Eva nos mitos bíblicos, é criada para tentar e seduzir o homem, provocando sua destruição. Ela era a filha mais velha de Zeus, a portadora de todos os dons. Ao completar nove anos, ela teria sido presenteada pelo pai com um colar antes pertencente a Prometeu. Este, ao roubar dos deuses o fogo, doando-o à Humanidade para que esta sobrevivesse, foi punido pelo deus dos deuses.
Preso por correntes ao Monte Cáucaso, com seu fígado devorado por um abutre diariamente por trinta mil anos, Prometeu, antes de ser punido, preveniu seu irmão, Epimeteu, que recusasse todo presente vindo de Zeus. Não foi, porém, levado a sério por seu familiar, que logo aceitou Pandora como esposa. Há várias versões desta história, mas a essência é basicamente a mesma.
Algumas dizem que a famosa caixa pertenceria à mulher, que nela guardaria suas lembranças, tornando-se prisioneira de uma delas, a tristeza de ter o colar de Prometeu destruído. Não conseguindo se libertar desta maldição, ela teria se suicidado aos 36 anos. Nesta mesma linha, alguns sustentam que a moça teria levado consigo, no casamento, um recipiente contendo todas as desgraças que poderiam destruir a humanidade, tais como a velhice, o trabalho, a doença, a loucura, a mentira e a paixão. Epimeteu teria, por curiosidade, aberto a peça, involuntariamente liberando no mundo estes terríveis males. Dentro deste receptáculo teria restado apenas a esperança, única dádiva ali presente.
Outras histórias afirmam que a caixa pertenceria a Epimeteu. Hipnotizado pela beleza de Pandora, ele teria adormecido profundamente, quando então ela teria desvelado o conteúdo da arca e assim dado fim à chamada Idade de Ouro da Humanidade. O termo ‘Caixa de Pandora’ representaria, assim, o terrível desejo de conhecimento do homem, desmedido, sem limites, o mesmo que perpassa Adão e se concretiza no ato de Eva, com a conseqüente expulsão do Paraíso, ou seja, o pagamento de um preço terrível pela sede de ver sempre mais além.
Este mito revela a presença feminina na Terra como a fonte de todas as aflições do Homem. Essa narrativa foi transmitida aos nossos dias graças à obra do poeta grego Hesíodo, Os Trabalhos e os Dias, no século VIII a.C. Segundo este autor, Pandora não é uma mulher má, mas o instrumento necessário e belo para a própria segurança da Humanidade, pois ela teria impedido, ao fechar a caixa antes de ser liberta a esperança, ou de acordo com outras traduções, a ‘antecipação’, que o Homem prevesse seu sofrimento futuro, o que se transformaria em eterno martírio.
Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/mitologia-grega/caixa-de-pandora/