Moiras

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O dom de tecer e fiar sempre inspirou os mais diversos mitos, as mais ricas narrativas. Há muito tempo atrás, os celtas e outros seguidores do culto da Grande Mãe ou da Grande Deusa, já atribuíam a ela o poder de determinar o destino dos mortais, tecendo os fios de suas existências, e de dispor de elementos naturais como as trevas e a luz.

Na mitologia criada pelos gregos, Nix, deusa da Noite, uma das divindades primordiais, gera entre outras criaturas as tecelãs do destino: Cloto, Láquesis e Átropos, damas sombrias representadas na literatura, especialmente na poesia clássica, como mulheres de aparência funesta, desempenhando o terrível compromisso de elaborar, tecer e interromper o fio da vida de todos os seres; e nas artes plásticas retratadas como belas donzelas. Estas irmãs detinham um poder incontestável, ditando o destino tanto dos deuses quanto dos mortais, não sendo questionadas nem mesmo por Zeus, pois qualquer interferência de sua parte influenciaria na ordem natural do Universo.

Consideradas as ‘Fiandeiras do Destino’, elas tecem o futuro do Homem e dos deuses em um tear especial, a Roda da Fortuna. Ao enrolar os fios da existência dos seres vivos neste instrumento, cada pessoa se encontrará na posição mais almejada, o alto da roda, ou em baixo, na esfera menos desejada, simbolizando os momentos de fortuna ou de má sorte. Nos momentos de necessidade, elas criaram Têmis, deusa responsável pela justiça; Nêmesis, encarregada da ética; e as Eríneas, que detinham o poder de punir os homens; elas cresceram assim como irmãs, educadas pelo Destino.

A Moira era compreendida inicialmente como uma unidade, sendo descrita na Ilíada como uma norma localizada acima de tudo e de todos. Na Odisséia ela já representa as fiandeiras, perdendo seu papel singular e conquistando um valor tríplice. As três irmãs, assim, assumem tarefas distintas. Clotho é a que tece, significando em grego ‘fiar’; ela detém o fuso, manipula-o e estimula o fio da vida a iniciar sua trajetória.

Lachesis avalia os compromissos, as provas e as dores que caberão a cada ser, distribuindo assim entre os homens seus respectivos destinos; ela também sorteava quem partiria para o reino da Morte, denotando no idioma grego ‘sortear’; e Átropos, que tem sob sua égide o poder de romper o fio da vida com sua tesoura encantada; na Grécia seu nome tinha o sentido de ‘não voltar’. As Moiras estão ligadas às etapas essenciais da existência – o início e o final da vida; nascimento e morte; e o casamento.

Entre os romanos elas são conhecidas como Parcas, sendo batizadas de Nona, Décima e Morta, basicamente com as mesmas antigas atribuições, mas agora regendo apenas os mortais. O Destino continua a ser feminino, ligado a momentos próprios da mulher, como o parto, o matrimônio e a morte, a qual também sela o futuro da natureza masculina.

Aos poucos o símbolo da Moira foi novamente ganhando um aspecto singular, simbolizando os mistérios do Destino, e muitas vezes ligada à imagem da Fortuna. Hoje ela conserva seu papel de protetora dos partos, e entre alguns é vista ainda em sua essência tríplice, como três velhinhas irlandesas.

Fontes
https://web.archive.org/web/20100330034206/http://www.rosanevolpatto.trd.br:80/deusasmoiras.htm
http://pt.wikipedia.org/wiki/Er%C3%ADnias
http://pt.wikipedia.org/wiki/Moiras

Arquivado em: Mitologia Grega
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