Chamamos de “mitologia” o conjunto de narrativas – os mitos – contadas por determinada sociedade, essenciais para o estudo e compreensão de diversos aspectos de uma cultura. No caso da Grécia Antiga, por exemplo, muito do que conhecemos hoje sobre sua história está relacionado às narrativas mitológicas transmitidas por séculos e que são importantes fontes para os estudos historiográficos.
Diversos traços da cultura a da mentalidade dos gregos antigos podem ser compreendidos por meio dos mitos – muitos deles contados por poetas –, criados para que o mundo, a natureza e o ser humano fossem explicados e compreendidos. Para Jean-Pierre Vernant, a mitologia é um dos modos de expressão essenciais para o pensamento religioso do mundo grego.
Na mitologia grega, os deuses têm grande importância, pois a religião ocupava papel de destaque no cotidiano grego antigo. Politeístas, os gregos cultuavam deuses com características e sentimentos humanos, capazes de ajudar ou mesmo prejudicar as pessoas. No entanto, diferentemente dos seres humanos, os deuses eram imortais.
Ainda segundo a mitologia, os deuses gregos viviam no monte Olimpo, a montanha mais alta da Grécia, e respeitavam uma hierarquia. Dentre as principais divindades olímpicas, estão:
Zeus: líder das divindades do Olimpo; o deus supremo e mais poderoso para os gregos. Considerado o deus do céu e o responsável pelas chuvas, raios e trovões, enviados para ajudar as plantações ou mostrar sua fúria.
Afrodite: deusa do amor, da fertilidade e da beleza; filha de Zeus e Dione (a deusa das ninfas), segundo umas das versões sobre sua origem. Representava o ideal de beleza da mulher para os gregos antigos, e era considerada temperamental, assim como Zeus.
Apolo: filho de Zeus e Letó, e visto como uma das divindades mais poderosas do Olimpo; deus do Sol, da juventude, das artes e da música. Para os gregos, era deus mais belo. Por isso, é representado como um homem jovem e bonito (de acordo com os padrões gregos).
Ares: para os gregos, o deus da guerra; filho de Zeus e Hera, rainha do Olimpo. Era cultuado apenas em algumas cidades, como Esparta, local de forte cultura voltada à guerra. Suas representações o mostram vestindo um capacete e segurando uma lança e um escudo.
Ártemis: considerada a deusa da Lua, da caça e da castidade. Irmã gêmea de Apolo, cultuada, sobretudo, em regiões silvestres, era vista como uma grande caçadora. Representa a liberdade e a autonomia.
Atena: protetora da cidade de Atenas, local considerado o berço da democracia. Deusa, da sabedoria, da justiça e da guerra. É representada com um escudo e uma lança um suas mãos, assim como Ares. Seu animal preferido, a coruja, representa a sabedoria.
Deméter: irmã de Zeus; deusa da fertilidade, da colheita, e dos ciclos da natureza. Para os gregos, controlava o cultivo e a colheita de grãos, ou seja, controlava uma esfera importante do cotidiano dessa sociedade, a agricultura.
Hefesto: deus do fogo, dos metais e da metalurgia. Segundo a mitologia, nasceu de Zeus e Hera, mas foi rejeitado por possuir uma aparência física considerada inadequada pelos pais.
Hera: rainha do Olimpo; esposa de Zeus. Protetora dos casamentos e dos nascimentos, simbolizava a fertilidade e a fidelidade. Por isso, dentro dos padrões da cultura grega, a deusa era vista como a protetora das mulheres casadas.
Hermes: considerado o mensageiro de Zeus, seu pai, e de outras divindades; protetor dos viajantes, dos comerciantes e dos ladrões. Representado com grande força física, era, também, relacionado às atividades esportivas.
Héstia: deusa do fogo, protetora do lar e da família; a divindade mais velha do Olimpo. Representava a continuidade da civilização. Por ser relacionada ao fogo, estava, também, relacionada às lareiras, um dos lugares mais importantes para os lares gregos.
Poseidon: irmão de Zeus; deus dos mares e das águas em geral, das tempestades e dos terremotos. A mitologia o mostra como um deus muito temido, de personalidade instável e explosiva. Em suas representações, segura um tridente em um de suas mãos, o que simboliza seu poder.
Além dessas divindades, os gregos antigos cultuavam outras figuras que representavam os mais variados aspectos de seu cotidiano. Nos templos, locais de grande importância nas cidades, realizavam orações e rituais voltados aos deuses cultuados naquela determinada região. A religiosidade grega influenciou outros povos, como os romanos, que passaram a incorporar os deuses gregos em sua cultura a partir do século III a.C.
Referências:
FUNARI, Padro Paulo (org.). As religiões que o mundo esqueceu: como egípcios, gregos, celtas, astecas e outros povos cultuavam seus deuses. São Paulo: Contexto, 2012.
KURY, Mário da Gama. Dicionário de mitologia grega e romana. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2008.
VERNANT, Jean-Pierre. Entre mito e política. São Paulo: Edusp, 2002.