A mitologia grega é uma fantástica criação da mente humana, insuperável até nossos dias. Na tentativa de explicar o que ocorre no céu e na terra, os gregos conceberam um panteão divino, habitado por seres sagrados e fantásticos, por deuses, semideuses e heróis que transitavam entre o Cosmos e a superfície planetária, descendo também aos mares e aos abismos profundos. Tudo que ocorria nestas duas esferas era definido com base nestes mitos e lendas, que marcaram definitivamente a História da Humanidade, bem como sua religiosidade.
Na Grécia Antiga estas histórias foram transmitidas e preservadas oralmente, de geração para geração. Inacreditavelmente, alcançaram desta forma nossos dias, influenciando até mesmo o Cristianismo, que se inspirou na figura de Zeus, o deus supremo na hierarquia divina, para criar a imagem do Deus cristão – um velho de barbas sentado no trono e de lá regendo o Universo.
Outras fontes nas quais se basearam os historiadores para reconstituir a história da mitologia grega foram vestígios de obras literárias ou pistas deixadas ao longo do tempo pela iconografia produzida na Grécia Antiga, com especial destaque para os vasos desta época. Desta forma concluíram que os deuses gregos eram aparentemente quase humanos, e a eles eram atribuídas todas as emoções humanas, desde a raiva e os desejos de vingança até o amor e a compaixão. Por outro lado, eram considerados imortais, praticamente não adoeciam e não se machucavam, podiam se ocultar da visão dos homens ao se tornarem invisíveis, venciam o espaço com naturalidade e se comunicavam com os seres humanos, muitas vezes, através do próprio homem, sem que estes sequer desconfiassem desse ardil.
De certa forma, a mitologia grega era uma tentativa de se conceber como era a vida em planos supostamente mais elevados, ou seja, nos céus, ou nos infernos abissais. Assim, a vida dos deuses era como a dos homens, apenas traduzida em termos celestiais ou infernais. A amplitude desta concepção foi tão penetrante e persistente que ela se estendeu da pré-história até o século IV, e até hoje exerce intensa sedução sobre o homem. Esta criação era coerente com as crenças dos gregos, já que eles cultivavam o Politeísmo Antropomórfico, melhor dizendo, eles acreditavam em vários deuses, todos com aparências e qualidades humanas. Esta religião não era um bloco homogêneo, pois abrigava em seu núcleo desde os mais céticos com relação a uma vida após a morte, até os platônicos, que confiavam na separação, no além-túmulo, entre os justos e os injustos. No mundo moderno, somente os Kalasha, do Paquistão, mantêm viva a crença na Mitologia Grega.
As primeiras informações sobre este universo mitológico provêm das Lendas Homéricas, datadas do século VIII a.C., embora seja possível detectar traços destas crenças em períodos anteriores. Os Indo-europeus, ao entrarem no território grego, estavam imbuídos de sua própria religiosidade, e traziam na bagagem, entre outros deuses, justamente a imagem de Zeus, responsável pelas guerras e detentor do poder sobre os elementos da natureza. Houve então uma espécie de sincretismo religioso, com os invasores assimilando a cultura local dos Pelasgos, nativos da região. Entre outros cultos, este povo contribuiu com a presença de Deméter, deusa que comandava o reino vegetal. De Creta vieram Hera, que desposou Zeus; sua filha Atena, a deusa guerreira e justa; e Ártemis, irmã gêmea de Apolo. Com o tempo, outros deuses foram acrescentados a este conjunto de divindades, inclusive nos subterrâneos, universo onde imperava Hades, irmão de Zeus, contraposto a este, já que era o deus dos infernos. Famosas obras retratam este universo, tais como a “Odisséia” e “A Ilíada”, de Homero.
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