A história do movimento gótico remonta ao fim dos anos setenta, na Inglaterra, embora esta expressão, que lembra sentimentos melancólicos, tenha sua origem em tempos ancestrais. Neste período, marcado pelo declínio da estética punk, surge uma banda – o Joy Division -que se enquadra nas características do que viria a ser chamado de gothic rock, o qual destoa de tudo que era então ouvido.
Ian Curtis, o líder do grupo, traduz toda a tristeza e desencanto próprios do movimento, mixando acordes clássicos aos sons vibrantes do rock característico desta fase gótica. Ele segue uma forte tendência musical originária da Alemanha, a qual se soma à atuação dos românticos modernos dos anos 80. É desta combinação de elementos culturais que nasce o movimento gótico.
Em plena década de 80 era démode ouvir e tocar rock. Daí a expressão ‘gótico’ significar, neste contexto, tudo que estava fora de uso. É neste cenário que desponta o Joy Division, já trazendo em sua bagagem as principais características do movimento gótico, a exploração de temas como a morte, sentimentos de profunda tristeza, abatimento moral, tudo em tons lúgubres.
Mas, seguindo a instabilidade vigente nesta nova estética, o grupo não permaneceu ativo muito tempo, e sua performance culminou no trágico suicídio de Ian Curtis. Mas eles foram apenas os pioneiros, e em sua rasteira surgem outras bandas importantes, como Bauhaus; The Cure; Siouxsie and the Banshees; The Cult; The Sisters of Mercy; The Mission, entre outras.
Outras questões perturbadoras são adotadas por estes ícones culturais, que expressam a ausência de perspectivas, a desesperança, os desencantos afetivos, e outras inquietudes sombrias que pairam sobre a alma humana. A estética gótica também está presente nos figurinos, nos quais predominam as roupas escuras, especialmente as pretas e em tons roxos; na maquiagem, com os olhos bem marcados nas tonalidades pretas; e nos cabelos desgrenhados.
O Bauhaus é outra banda significativa deste período. Seu vocalista, Peter Murphy, magnetiza o público com sua voz grave e melancólica, que se insinua sob uma melodia forte, intensa. Eles gostavam de enfocar a morte, criaturas vampirescas, morcegos e ritos de natureza pagã. O The Sister of Mercy também cultiva, em Andrew Audrith, a voz rouca e depressiva, típica do rock gótico.
O movimento gótico não se resumia apenas a atitudes estéticas e musicais, ele traduzia uma nova atitude diante do mundo, mais interiorizada, instrospectiva, expressando o que seus adeptos sentiam com relação à existência. Eles se autodenominavam góticos, pois compartilhavam a mesma paixão pelo som que cultuavam.
Isto levou alguns de seus membros a procurarem referências em outros períodos, tentando encontrar um ponto de sustentação na arte produzida na Idade Média, ou na literatura romântica e simbólica, principalmente na sua vertente mais sombria. Eles passaram a ler autores como Bram Stoker, Edgar Alan Poe, Baudelaire, Rimbaud, entre outros. Muitos passaram a se identificar também com símbolos místicos como as cruzes, pentagramas, entre outras imagens mitológicas.
Veja também: Estilo Gótico
Fontes:
https://web.archive.org/web/20090303220929/http://recantodasletras.uol.com.br:80/artigos/471523
https://web.archive.org/web/20100726221621/http://www.gothiccastle.net:80/?categoria=textos&pagina=musica
Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/movimentos-artisticos/universo-gotico/