Nos dicionários, Saudosismo significa “saudade do passado, nostalgia, afeto ao passado”. Foi uma corrente estética ocorrida em Portugal, no século XX, segundo a qual o ser humano viveria sua vida com base na saudade do passado, e este sentimento seria capaz de mudar a atitude de vida das pessoas de modo a realizar a regeneração do país.
O mentor deste movimento foi Teixeira de Pascoaes, que era ligado à revista A Águia, órgão da Renascença Portuguesa. Para tanto, ele juntou intelectuais como Jaime Cortesão, Leonardo Coimbra, António Carneiro, António Sérgio e Fernando Pessoa.
O saudosismo tem como base a saudade, que Pascoaes considera o traço espiritual que define a alma humana (portuguesa, em especial). Segundo o poeta, este sentimento é descrito pela Literatura Portuguesa ao longo do tempo. Por ele, a saudade é elevada de um simples sentimento humano, individual, a um plano místico, que determina a relação do Homem com Deus e com o mundo. O Saudosismo, portanto, corresponde a uma doutrina política e social.
O Saudosismo tinha como pretensão a regeneração do país, pois surgia em meio a uma mentalidade nacionalista, tradicionalista e neo-romântica. Faria isso, portanto, utilizando a saudade como princípio renovador que agiria através da ação cultural (literatura e demais artes em que o saudosismo se manifestou).
Quanto à linguagem utilizada, os Saudosistas davam preferência a uma expressividade mais tradicional, clássica, através do “verso escultural” de Pascoaes, e não se preocupavam muito em analisar o subconsciente. Davam, antes, preferência ao pensamento intuitivo e à criação de mitos.
Ao longo do tempo, alguns adeptos foram se afastando do Saudosismo por não concordar com algumas de suas características. A nova tendência, como doutrina político-social, não satisfazia os espíritos positivistas, o que faz com que Antonio Sérgio e Raul Proença (os dois sócios da “Renascença Portuguesa”) manifestem seu desagrado na revista, acusando Pascoaes de ser “utópico e passadista, fechado num lusitanismo xenófobo, provinciano, incompatível com o moderno espírito europeu”, atitude que gerou grande polêmica no grupo. Assim, outros membros foram se afastanto, como Fernando Pessoa, que preferiu aderir a um projeto cosmopolita e revolucionário, através da Revista Orpheu, acabando por criar o movimento modernista português e por causa dele ser alvo de escândalos e controvérsias no meio artístico e social português.
Essa dissidência fez com que o movimento desaparecesse enquanto corrente literária, porém nota-se que ainda há vestígios seus presentes nas obras de alguns autores da atualidade.