É considerada como "era de ouro" dentro da história da música popular brasileira o período que se estende de 1930 até por volta de 1945.
O panorama musical destes 15 anos é marcado pelo cultivo de estilos regionais, arranjos mais complexos, ascensão do samba e da marchinha como os estilos mais populares, e uma gama de compositores, instrumentistas e cantores interagindo entre si. Tal fase da música brasileira é marcada por sucessos atemporais, como "Carinhoso", "Rancho Fundo", "O Teu Cabelo não Nega", entre tantas outras canções.
Nesta fase, os estilos populares remanescentes do século XIX como a modinha e o lundu irão assumir novas formas: a modinha é levemente acelerada sem perder o lirismo e o romantismo de suas letras, dando origem ao samba-canção. Já o lundu evolui fundindo-se com outros estilos como o jongo, criando um samba de melodia, letras e instrumentação mais complexa. Gravam pela primeira vez, no fim dos anos 20 e início dos 30 artistas de regiões mais distantes do país, como o nordeste, interior de Minas e São Paulo, influenciando a música da capital do país à época, o Rio de Janeiro.
Um desses ritmos, a embolada, vinda do nordeste, causou sensação nos grandes centros e fez a cabeça daquele que viria a ser um dos maiores compositores da música brasileira, Noel Rosa, que logo depois passou ao samba, dando origem a obras-primas do ritmo. A cantora Araci de Almeida se consagraria como intérprete da obra de Noel, morto precocemente em 1937.
Também no início dos anos 30, ciceroneada pelo violonista Josué de Barros surge Carmen Miranda, filha de imigrantes portugueses, e que após vários sucessos entre marchinhas de carnaval e sambas, iria protagonizar vários filmes em Hollywood, interpretando a figura exótica da mulher da América do Sul.
É também na chamada era de ouro que se consagra Francisco Alves, interpretando vários estilos nacionais e internacionais. Seguindo o seu estilo popular/romântico surgem Carlos Galhardo, Sílvio Caldas e Orlando Silva, além de Mário Reis, que já vinha gravando no final dos anos 20 e atingiria seu auge, parando com toda atividade musical subitamente pouco tempo depois.
O principal veículo de divulgação da música na era de ouro é o rádio, que atinge sua maturidade então. Outro meio importante é o disco, que vai gradualmente tornando-se acessível mesmo às camadas mais humildes.
O fim da era de ouro é muitas vezes creditado à esmagadora influência que ritmos estrangeiros como o bolero, jazz e a música popular europeia foram exercendo nos intérpretes nacionais, tornando a música do período seguinte excessivamente emotiva, e de certo modo pasteurizada. As versões de sucessos estrangeiros se tornam bastante populares, e logo o rock'n'roll vai fazer com que a música norte-americana invada o panorama musical brasileiro, sendo que nesta época o baião estilizado e sertanejo de Luiz Gonzaga seja a grande resistência nacional em termos musicais.
Bibliografia:
A música. Disponível em <http://www.colegioweb.com.br/
LUCIANE, Angela. A época de ouro da música popular. Disponível em <http://peganomeu.wordpress.
Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/musica/era-de-ouro-da-musica-popular-brasileira/