A moda de viola é uma modalidade da música caipira produzida no Brasil, representando o maior símbolo desta musicalidade, ao lado de outros ritmos nascidos das toadas, cantigas, valsinhas, modinhas, entre outras, que desembarcaram neste país pelas mãos dos europeus.
Musicalmente ela é composta de solos de viola e versos extensos, permeados por refrões, com um longo conteúdo que narra eventos de natureza histórica, assim como fatos de destaque que ocorrem nos grupos que produzem estas modas.
A expressão ‘moda’ é de procedência portuguesa, com o sentido de ‘canto’, ‘melodia’ ou ‘música’. Entre os brasileiros ela assume o aspecto de uma canção do campo. No Centro-Oeste e no Sudeste as letras são escritas com antecedência e memorizadas, enquanto no Nordeste elas são cantadas em um estilo improvisado. Os principais temas giram sempre em volta das lendas dos boiadeiros e lavradores, das anedotas caipiras e das narrativas que envolvem amor e morte. Elas são normalmente recitadas, pois se conta uma história, com um fundo musical.
Vários estilos musicais derivam da moda de viola, entre eles a música caipira, a sertaneja, a de raiz, entre outras. Estas modas são geralmente entoadas em duas vozes, acompanhadas pela viola. Segue-se convencionalmente uma métrica de sete sílabas, conhecida como redondilha maior, dando lugar mais raramente às redondilhas menores, de cinco sílabas. As estrofes mais comuns são a sextilha, a oitava e a quadra, eventualmente a décima.
No estado de São Paulo as rimas são normalmente fixas, com o cantador entoando suas modas velozmente. Ele principia cantando uma quadra escolhida aleatoriamente, conhecida como levante ou encabeçamento de moda. Para concluir ele executa com a voz o ‘arto’ (alto) ou ‘baixão’, igualmente denominado de suspender a moda.
Quando a canção do campo atinge o universo das gravadoras, as modas ampliam seu repertório, incluindo novos temas, passando a representar mais o dia-a-dia das metrópoles. No Nordeste os cantadores de moda usam sextilhas, moirão – estacas em que se sustêm as videiras -, martelos, grandes estrofes de quatro versos e galopes, revelando intenso poder de improvisar através das redondilhas maiores. Nestas áreas os cantadores têm o hábito de se apresentarem em duplas, criando desafios que só têm fim quando um deles vence o adversário.
As primeiras modas foram lançadas em princípios da década de 30, com a obra precursora de Cornélio Pires, e a qualidade relevante de Mandi e Sorocabinha, de Zico Dias e Ferrinho, Caçula e Marinheiro, Laureano e Soares, dos paulistas Teddy Vieira, Lourival dos Santos, sucesso nos anos 50 e 60, e posteriormente de Tonico e Tinoco, Torres e Florêncio, dos mineiros Zé Mulato e Cassiano, e de vários outros.