É chamado ragtime o ritmo musical cultivado nos Estados Unidos especialmente entre 1896 e 1917, e que é reconhecidamente uma das matrizes formadoras do jazz norte-americano. Sua origem está relacionada aos bares e juke-joints frequentadas pelos negros norte-americanos, e seu nome deriva da expressão "ragged time" (em uma tradução livre em português, "tempo rasgado", ou ainda fragmentado, referindo-se ao ritmo sincopado e de contratempo).
A rigor, existem quatro tipos principais de música ragtime, mas o tipo mais conhecido e ainda ouvido nos dias de hoje é o rag "clássico" instrumental, que consiste em uma peça para piano ou banda, de ritmo sincopado, com um característico baixo "boom-chick". Exemplo típico é a trilha sonora do filme "Golpe de Mestre" (The Sting), com Paul Newman e Robert Redford. Além deste tipo mais conhecido, há as "ragtime songs" ou rag vocal, que acabou por se fundir com a música popular e com o teatro Vaudeville, as "ragtime waltzes" ou "syncopated waltzes" (valsas ragtime ou valsas sincopadas), tocadas em um tempo 3/4, famosas na era de ouro do ragtime, e o último tipo, o "jazz rag", que consiste em adaptar uma música popular qualquer e "quebrar" ou "rasgar" seu tempo de modo a deixá-la com um ritmo mais dançante. Exemplos deste tipo de rag encontram-se em "Mack the Knife" (originalmente a canção de abertura da "Ópera dos Três Vinténs", peça do alemão Bertolt Brecht) e "Dinah", interpretada por vários artistas, entre eles Louis Armstrong e Duke Ellington.
Com o fim da Guerra de Secessão, os ex-escravos buscavam se firmar em meio à sociedade americana, não sem muitas dificuldades e resistência dos brancos. Geralmente, o único trabalho disponível a estas poessoas era o braçal, e os trabalhos de professor, pregador ou músico eram raras exceções onde os negros podiam se destacar. Ainda assim, um músico negro não tinha chance de frequentar as maiores e mais importantes orquestras, sendo-lhe reservado os bares, "bas-fonds", casas de prostituição e "juke-joints". Lutando para serem reconhecidos como músicos sérios, muitos deles irão contribuir para a criação do ragtime, com um ritmo e uma melodia complexos.
Ao final do século XIX, o ragtime era interpretado por muitos músicos, negros e brancos, em Saint Louis e Chicago. Mas é o ragtime de piano de Scott Joplin, e de outro compositor negro, James Scott, que seriam os pilares do repertório de piano popular por décadas. O ragtime logo virou moda, sendo tocado em casas, clubes, teatros, salas de dança e bares em todo o país, até o final da Primeira Guerra Mundial, quando o estilo, uma das máterias-primas do jazz, acabaria por ser absorvido por este.
Bibliografia:
SCHMIDT-JONES, Catherine. Ragtime. Disponível em: <http://cnx.org/content/m10878/latest/>. Acesso em: 08 jul. 2012.
A Era do Ragtime. Disponível em: <http://www.anaflavia.com.br/100anosdemusica/ragtime.htm>. Acesso em: 08 jul. 2012.