O repente nordestino é uma das diversas formas que surgiu de interpretação de canto e poesia a partir da tradição medieval ibérica dos trovadores. Seus personagens, chamados de repentistas ou cantadores improvisam versos sobre os mais variados assuntos, e andando pelas feiras e espaços populares se apresentam sozinho ou trocam versos com outro cantador, o chamado desafio.
O estilo é característico da região nordeste do Brasil, e praticado em especial pelos habitantes da região do sertão paraibano e pernambucano, mais especificamente na região do Pajeú e Sertão do Moxotó (PE) e Serra do Teixeira e Cariri Ocidental (PB), onde estão as cidades de São José do Egito, Sertânia, Arcoverde (PE), Teixeira, Princesa e Monteiro (PB). Nesta área de interior, dividida pelos dois estados, surgiram particamente todos os importantes cantadores que a tradição produziu até hoje, como por exemplo Severino Pinto (Pinto do Monteiro), Lourival Batista (Louro do Pajeú), Zé Limeira, além dos lendários Nicandro Nunes da Costa, Silvino Pirauá Lima, Francisco Romano Caluete (vulgo Romão do Teixeira ou Romão de Mãe D'agua), Inácio da Catingueira, Agostinho Nunes da Costa e seus filhos Antônio Ugolino Nunes da Costa e Ugolino do Sabugi (todos os sete cantadores do século XIX, sendo que aos três últimos são creditados o pioneirismo de iniciar a tradição do repente na área, no meio do século XIX). Outra área importante é a do interior do Ceará, onde encontramos Patativa do Assaré e Aderaldo Ferreira de Araújo, o Cego Aderaldo.
É tradição apontar os já citados Agostinho Nunes da Costa e seus filhos Antônio Ugolino Nunes da Costa e Ugolino do Sabugi como os primeiros a iniciarem a tradição do repente, sendo que na época, esta era muito mais simples, sendo exectuada em apenas um estilo, a quadra, com rimas A-B-A-B ou A-B-B-A. É com cantadores surgidos nas últimas décadas do século XIX, como Inácio da Catingueira que a cantoria irá se desenvolver em mais métricas, começando pela sextilha. A partir daí, o repente irá assimilar muitas outras formas do verso rimado e a forma original da quadra será abandonada. Atualmente, os cantadores acumulam vários estilos de verso rimado, como por exemplo:
- sextilha (que ainda persiste);
- sete linhas ou sete pés;
- moirão;
- moirão de sete pés;
- moirão trocado;
- moirão que você cai;
- moirão voltado;
- décima;
- martelo agalopado;
- galope à beira-mar;
- parcela;
- quadrões;
- quadrão trocado;
- gabinete;
- toada alagoana;
- meia quadra;
- gemedeira;
- ligeira (também retirada da prática dos cantadores atuais);
Com a migração de muitos nordestinos para a cidade de São Paulo, a cantoria se tornou uma tradição conhecida em todo o Brasil, a partir da mídia massiva que a capital paulista dispõe. Também foi a partir de São Paulo que os cantadores começaram a adotar uma viola de dez cordas criada pelos fabricantes e comerciantes de instrumentos Del Vecchio, a chamada "viola dinâmica", com seus característicos bocais de metal, inspirada em modelos americanos das fábricas National e Dobro, diferentes apenas pelo corpo do instrumento, fabricado em metal. A viola dinâmica de dez cordas se tornou um símbolo dos cantadores, especialmente a partir da década de 70 do século XX.
Bibliografia:
Pinto do Monteiro e Louro do Pajeú 1969. Disponível em <http://www.youtube.com/watch?v=avPBvvAHAtU&feature=related> PARTE 2 <http://www.youtube.com/watch?v=ljLBMZUtS64&feature=related>. Acesso em: 20 out. 2011
Cantorias de repente ano 1938. Disponível em <http://www.4shared.com/dir/kVlQNCQj/CANTORIAS_DE_REPENTE_ANO_1938.html>. Acesso em: 20 out. 2011
LUCAS, Zé. Origem da cantoria nordestina. Disponível em <http://culturapopularetc.blogspot.com/2010/01/origem-da-cantoria-nordestina.html>. Acesso em: 20 out. 2011
ESSINGER, Silvio. Repente. Disponível em <http://cliquemusic.uol.com.br/generos/ver/repente>. Acesso em: 20 out. 2011
LINHARES, Francisco; BATISTA, Otacílio. Gêneros de poesia popular. Disponível em <http://www.bahai.org.br/cordel/generos.html>. Acesso em: 20 out. 2011