Acetilcolina

Por Débora Carvalho Meldau

Graduada em Medicina Veterinária (UFMS, 2009)

Categorias: Neurologia, Sistema Nervoso
Ouça este artigo:
Este artigo foi útil? Considere fazer uma contribuição!

A acetilcolina (ACh) é um neurotransmissor do sistema colinérgico amplamente distribuído no sistema nervoso autônomo, bem como em certas regiões cerebrais.

Este neurotransmissor é liberado por:

O efeito vasodilatador da acetilcolina em vasos sanguíneos isolados necessita de um endotélio intacto. Antigamente, acreditava-se que a ativação dos receptores muscarínicos resultava na liberação de uma substância vasodilatadora, denominada fator relaxante de endotélio (FRED). Por outro lado, era conhecido que vasodilatadores (que sintetizam óxido nítrico – NO), como o nitroprussiato de sódio e a nitroglicerina, não exigem a presença de células endoteliais intactas para levar ao relaxamento. Estes e outros experimentos indicavam grande similaridade entre o FRED e o NO e atualmente são considerados uma mesma substância.

Desde que foi descoberto, o NO tem sido relacionado a funções como a citotoxicidade do macrófago, relaxamento intestinal não-adrenérgico não-colinérgico, neurotoxicidade e plasticidade no hipocampo e cerebelo. Além disso, o NO libera pelo endotélio medeia a vasodilatação causada por uma série de autacóides (hormônios locais), através da ativação da guanililciclase, que eleva as concentrações do GMPc (guanosina monofosfato cíclico).

Biossíntese da Acetilcolina

A biossíntese desse neurotransmissor por parte dos neurônios colinérgicos se dá pela acetilação da colina, catalisada pela enzima colina-acetiltransferase (CAT), com acetil coenzima A (acetil-CoA) funcionando como doador de grupos acetil.

A colina é ativamente transportada para o axoplasma do neurônio a partir de sítios extraneuronais por um processo de captação de colina de alta e baixa afinidade. O sistema de alta afinidade pode sofrer inibição pelo hemicolínio.

Após a síntese, a acetilcolina é transportada para as vesículas de armazenamento. Cada vesícula pode conter de 1.000 a mais de 50.000 moléculas de acetilcolina, além de ATP e uma proteína específica denominada vesiculina, Quando o turnover de acetilcolina é alto, o transporte de colina para as terminações nervosas pode se transformar na etapa que limita a velocidade da reação.

Liberação de Acetilcolina

Acredita-se que a ACh seja liberada nas placas motoras terminais das junções neuromusculares, em quantidades constantes, ou vesículas. Quando o potencial de ação alcança a terminação nervosa motora, há liberação sincrônica de 100 ou mais vesículas de ACh.

A despolarização de uma terminação nervosa possibilita o influxo de cálcio através de canais voltagem-sensíveis. Este influxo de cálcio facilita a fusão da membrana vesicular com a membrana plasmática da terminação nervosa, resultando na extrusão do conteúdo das vesículas.

Interrupção das Ações da Acetilcolina

A acetilcolina é rapidamente hidrolisada pela enzima acetilcolinesterase (AChE). Esta última, também conhecida como colinesterase específica ou verdadeira, é encontrada em neurônios colinérgicos, nas adjacências das sinapses colinérgicas e em outros tecidos. É altamente concentrada na junção neuromuscular. A hidrólise da acetilcolina ocorre também ao redor das terminações nervosas.

O sítio ativo de AChE consiste em um sítio aniônico, que interage com um grupo nitrogênio quaternário da molécula de AChE, e um sítio esterásico, que interage com o grupo éster da ACh e o hidrolisa.

A butirilcolinesterase, também conhecida como pseudocolinesterase ou esterase sérica, está presente em diversos tipos de células gliais. É especialmente encontrada no plasma sanguíneo e no fígado.

Embora ambos os tipos de enzima sejam capazes de hidrolisar a acetilcolina, eles podem ser diferenciados por suas taxas de hidrólise da pseudocolinesterase.

Nas placas terminais motoras da musculatura esquelética, a maior parte das AChE encontra-se na superfície e nas invaginações da membrana pós-juncional.

A ação da AChE é imediata, sendo que aproximadamente 90% da ACh liberada podem ser hidrolisadas antes de chegar na membrana pós-sináptica. Os produtos de degradação são ácido acético e colina. O primeiro é rapidamente recaptado para as diferentes vias bioquímicas no interior do citoplasma, enquanto que a segunda é ativamente transportada de volta para a terminação nervosa, local onde será novamente reutilizada na síntese de ACh.

Efeitos

No sistema cardiovascular, a ACh é responsável por:

Na mente, a ACh desempenha um importante papel nas funções cognitivas, como, por exemplo, a aprendizagem.

Os receptores neuronais de ACh encontram-se espalhados no sistema nervoso central e sistema nervoso periférico, onde atuam como receptores inotrópicos (que de acordo com a tradução da terminologia inglesa significa canais iônicos de abertura ligante-dependente), uma das duas grandes classes de receptores transmembrana.

Os receptores de ACh são divididos em duas classes:

No aparelho respiratório, a ACh é responsável por provocar fechamento do esfíncter pós-capilar, resultando no enchimento dos sinusóides venosos e extravasamento de líquidos, aumentando o volume da submucosa e vasodilatação. Também é responsável por ativar as glândulas serosas, levando a exacerbação das secreções e conseqüente rinorréia.

Os inibidores dos receptores de ACh, como, por exemplo, a atropina, causam relaxamento na musculatura e outros efeitos, devendo ser utilizado com cautela.

A ACh também é responsável por causar os seguintes efeitos no organismo: broncoconstrição, dilatação de esfíncteres no trato gastrointestinal, sudorese, aumento da salivação e miose.

Fontes:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Acetilcolina
https://web.archive.org/web/20210617182231/https://psiquiatriageral.com.br/cerebro/neurotransmissores.htm

Farmacologia Aplicada à Medicina Veterinária – Helenice de Souza Spinosa, Silvana Lima Górniak e Maria Martha Bernardi; 4° edição. Editora Guanabara Koogan, 2006.

AVISO LEGAL: As informações disponibilizadas nesta página devem apenas ser utilizadas para fins informacionais, não podendo, jamais, serem utilizadas em substituição a um diagnóstico médico por um profissional habilitado. Os autores deste site se eximem de qualquer responsabilidade legal advinda da má utilização das informações aqui publicadas.
Este artigo foi útil? Considere fazer uma contribuição!