Serotonina

Por Débora Carvalho Meldau

Graduada em Medicina Veterinária (UFMS, 2009)

Categorias: Neurologia
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A serotonina ou 5-hidroxitriptamina (5-HT) é um neurotransmissor existente naturalmente, em especial, no nosso cérebro, encarregado por conduzir os impulsos nervosos. A 5-HT é uma indolamina resultante da hidroxilação e carboxilação do aminoácido L-triptofano.

O primeiro passo para a síntese da serotonina no sistema nervoso central (SNC) e em outras áreas do corpo, como, por exemplo, nas células enterocromafins encontradas na mucosa intestinal, plaquetas e mastócitos, é a captação do triptofano. Este, que por sua vez, provém especialmente da dieta protéica, é transportado ativamente por carregadores comuns a outras cadeias de aminoácidos. Deste modo, o nível de triptofano, principalmente no cérebro, é influenciado não apenas pela sua concentração no plasma sanguíneo, mas também pela concentração nesse mesmo local de outros aminoácidos que competem por estes mesmo carreadores protéicos.

O L-triptofano passa por uma ação da enzima triptofano-hidroxilase, passando para a forma de L-5 hidroxitriptofano. Por conseguinte, ocorre a transformação dessa última forma em serotonina, pela ação da L-amina ácida descarboxilase. Esta enzima encontra-se altamente distribuída e possui grande espectro de especificidade a distintos substratos, o que faz com que seja praticamente impossível controlar os níveis de serotonina no cérebro por meio desta via enzimática.

A biotransformação desse neurotransmissor pode ocorrer no fígado ou no seu local de origem, e a via principal desse processo ocorre em duas etapas e envolve a enzima monoaminoxidase (MAO). Primeiramente, ocorre a desaminação oxidativa da serotonina pela MAO, resultando no 5-hidroxindol acetildeído. Subseqüentemente, este pode ser oxidado pela enzima aldeído desidrogenase a ácido 5-hidroxindol acético (5-HIAA), seu principal metabólito, ou sofre redução pela aldeído redutase a 5-hidroxitriptofol (5-HTOL). Estes metabólitos podem sofrer alterações e serem eliminados junto com a urina.

Este neurotransmissor desempenha seu papel por meio da interação com diversos receptores. Com base nas suas características estruturais e operacionais, os receptores 5-HT encontram-se subdivididos em sete classes diferentes (5-HT1, a 5-HT7), sendo identificados 14 subtipos.

O receptor 5-HT1A atua como um auto-receptor somatodendrítico responsável por modular a atividade dos neurônios serotoninérgicos. Aparentemente, a ativação deste receptor modula o comportamento emocional e alimentar, funções cognitivas, maturação e diferenciação celular. Os receptores 5-HT1B e 5-HT1D modulam a liberação de serotonina e de outros neurotransmissores, como a acetilcolina. Receptores 5-HT2 estão ligados ao córtex visual, modulação do comportamento alimentar e mediação da vasoconstrição, enquanto que o receptor 5-HT3 é responsável pela modulação da liberação de 5-HT e aparentemente está relacionado com mecanismos de percepção da dor, liberação de acetilcolina e dopamina, assim como motilidade gástrica e secreção de fluídos entéricos. Os receptores 5-HT3 e 5-HT4 também parecem estar ligados à motilidade gastrointestinal.

A serotonina é uma amina vasoativa que atua sobre o sistema cardiovascular, musculatura lisa e promoção da agregação plaquetária, sem falar que atua como um neurotransmissor no SNC, estando relacionada especialmente ao sistema límbico, controlando as reações de: ansiedade, medo, depressão, sono e percepção à dor.

Em diferentes estados comportamentais ocorrem alterações extracelulares nos níveis desse neurotransmissor. É conhecido que a diminuição dos níveis de serotonina eleva a sensibilidade à dor, o comportamento exploratório, a atividade locomotora e os comportamentosde agressivos e de ordem sexual. Tanto nos homens quanto nos animais, distúrbios psíquicos têm sido correlacionados com alterações das funções da serotonina, como comportamentos agressivos e obsessivos, além de déficit de atenção.

Falando de comportamento sexual, este neurotransmissor desempenha papel inibitório sobre a liberação hipotalâmica de gonadotrofinas, havendo uma conseqüente queda da resposta sexual. Todavia, a diminuição da atividade serotoninérgica torna mais fácil a conduta sexual.

A serotonina é a principal inibidora do núcleo hipotalâmico ventromedial, local no SNC onde localiza-se o centro da saciedade. Este efeito hipotalâmico é elevadamente específico para os carboidratos, requerendo outros co-fatores para atuar sobre as proteínas e os lipídeos. Deste modo, quando a serotonina diminui, ocorre o ganho de peso. Inversamente, quando encontra-se elevado, causa perda de apetite.

Atua também na temperatura corporal, promovendo hipertermia ou hipotermia, dependendo de qual receptor é estimulado.

Um medicamento muito utilizado atualmente responsável por aumentar o nível de serotonina é a fluoxetina que, além de tratar a depressão, proporciona maior controle da fome.

Fontes:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Serotonina
http://www.portaleducacao.com.br/farmacia/artigos/318/serotonina

Farmacologia Aplicada à Medicina Veterinária – Helenice de Souza Spinosa, Silvana Lima Górniak e Maria Martha Bernardi; 4° edição. Editora Guanabara Koogan, 2006.

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