A maioria das escolas brasileiras são bem parecidas: os alunos estão divididos em turmas, de acordo com suas idades; um professor é responsável por transmitir o conhecimento, ensinando uma disciplina através de métodos expositivos; os estudantes devem adquirir o conhecimento em sala, reforçá-lo através de exercícios e testá-lo em provas e simulados. No entanto, diversos pedagogos, filósofos e pesquisadores desenvolveram outros métodos de ensino, que são adotados em várias escolas do Brasil e do mundo. Nesta matéria, apresentamos as metodologias mais utilizadas no país.
A escola tradicional é o modelo mais comum nas escolas públicas e particulares brasileiras. Esse formato surgiu na Europa, junto com a criação dos sistemas nacionais de ensino, entre os séculos XIX e XX, mas passou por diversas alterações através dos tempos até transformar-se no que conhecemos hoje. Nas escolas tradicionais, a figura-chave é o professor, que é portador dos conhecimentos e tem a função de repassá-los aos alunos, que os adquirem de maneira cumulativa frequentando uma instituição escolar. A exposição e a interpretação dos conhecimentos são sempre realizadas pelo professor; os alunos devem exercitar o que foi aprendido, repetindo e memorizando fórmulas e conceitos. Esse método é bastante adequado à forma de avaliação utilizada nos vestibulares brasileiros e no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Algumas das escolas mais conceituadas do mundo, como as inglesas e estadounidenses, utilizam esse método de ensino.
Em 1919, o filósofo austríaco Rudolf Steiner desenvolveu a pedagogia Waldorf. Essa metodologia procura estimular o desenvolvimento
físico, espiritual, intelectual e artístico dos estudantes. A partir da concepção de que todos os seres humanos são diferentes, as escolas devem procurar formas de adaptar o ensino às necessidades de cada estudante. Colégios e professores têm bastante autonomia para determinar o currículo empregado, mas disciplinas como português, matemática e história continuam existindo. Os assuntos são ensinados diversas vezes durante o ciclo escolar, mas nunca da mesma forma. O método Waldorf é um dos maiores movimentos educacionais independentes do mundo: atualmente, mais de 1.000 escolas e 2.000 jardins de infância espalhados por 60 países já adotaram a pedagogia.
A pedagogia Montessoriana, desenvolvida pela italiana Maria Montessori, tem foco no aprendizado através da observação e da vivência de experiências concretas. Essa metodologia foi pensada principalmente para o ensino de crianças e, por isso, é mais comum encontrá-la em escolas de Educação Infantil e Ensino Fundamental. As salas de aula das escolas
montessorianas geralmente comportam cerca de 20 alunos e dispõem de uma série de materiais e objetos que estimulam o aprendizado. A organização escolar pode acontecer em séries, de acordo com as idades dos alunos, ou em ciclos. Nas aulas, os professores não passam lições, mas espalham atividades pela sala; cabe a cada estudante a decisão do que será realizado naquele dia. A única obrigação dos alunos é cumprir os módulos obrigatórios, mas isso pode ser feito de acordo com o ritmo individual de cada um. Os professores cumprem o papel de observadores, que podem interferir nas atividades quando são solicitados ou identificam dificuldades. Alguns colégios montessorianos aplicam provas; estudantes também podem ser avaliados pela produção de monografias ou pelo desempenho durante o processo de aprendizado.
Por volta da década de 1970, algumas escolas começaram a adotar um novo método de ensino, conhecido como Construtivismo. Baseado nas ideias do epistemólogo suíço Jean Piaget e influenciado pela psicóloga argentina Emilia Ferreiro, o método se opõe ao modelo tradicional de transmissão de conhecimento em via única, do professor para o aluno, e o substitui por uma construção do conhecimento, por parte do aluno, através de atividades interativas e formulações de hipóteses. Escolas construtivistas possuem classes com poucos alunos; nas aulas, o papel do professor não é definir atividades, mas estimular os estudantes a realizá-las. Os alunos devem participar ativamente do aprendizado, engajando-se em debates e formulando dúvidas. A organização das escolas construtivistas se dá através de ciclos de aprendizado, e não de séries, como ocorre nas escolas tradicionais. Essa metodologia não propõe provas como um método de avaliação, mas alguns colégios brasileiros aplicam exames para se aproximarem dos métodos tradicionais.
Em 1960, Paulo Freire alfabetizou 300 trabalhadores de Recife em 45 dias. O método freiriano, como ficou conhecido, foi inovador
por utilizar as experiências de vida dos estudantes como base para a educação, através do uso de “palavras geradoras”, que eram escolhidas de acordo com a realidade de cada aluno. Trabalhadores aprenderiam primeiro a escrita e o significado de palavras relacionadas à sua realidade, como “tijolo” e “cimento” e, a partir desse aprendizado, seriam capazes de identificar novas palavras e trabalhar na ampliação de seus repertórios vocabulares. Além disso, a metodologia se atenta para a formação crítica dos estudantes, estimulando debates sobre temas que perpassam suas realidades. Nessa metodologia, a educação é um ato coletivo, popular, feito através do diálogo entre educador e educando e sem intermediação de uma cartilha. O método freiriano, assim como o construtivista, não estimula a avaliação através de provas e simulados.