Aulas sem carteiras, lousas e espaço físico. Cursos sem grades de horários definidas. Provas e interações com professores e colegas através do computador. O cenário, que pode parecer um pouco inusitado para quem está acostumado com o ensino regular, têm se tornado cada vez mais comum entre os estudantes brasileiros que optam por cursos na modalidade de Educação a Distância (EaD).
A Educação a Distância se diferencia da tradicional em diversos aspectos. Nessa modalidade, os alunos e professores estão separados espacial e/ou temporalmente, ou seja, não se encontram presencialmente em uma sala de aula. O ensino acontece pelo intermédio de diversas tecnologias, como a internet e as hipermídias. Além delas, também podem ser utilizados outros recursos, como cartas, rádio, televisão, vídeos, CD-ROMs e telefones. O contato entre professores e alunos acontece principalmente através de e-mails, vídeo-conferências e fóruns de discussão.
O estudante Roberto Souza já era formado em Ciências Contábeis pelo ensino tradicional quando conheceu a EaD, através da mídia e de contato com amigos. “Optei por um curso a distância porque vi a possibilidade de efetuar mais um curso superior tendo a possibilidade de estudar a distância com horários flexíveis, podendo me adaptar a eles”, conta. Bruno Braga, estudante de História na Estácio de Sá, conheceu a EaD nas redes sociais e também ficou atraído pela flexibilidade do curso. Embora more no Rio de Janeiro, mesma cidade em que está a sede de seu curso, Bruno dispõe de bastante liberdade: “Só apareço no campus para resolver alguma questão burocrática de estágio e para fazer provas, o que por semestre devo ir 4 vezes no máximo”, explica.
Mas flexibilidade não é sinônimo de “moleza”: os cursos de Ensino a Distância possuem planos de ensino que precisam ser cumpridos para que os estudantes obtenham seus diplomas. Embora sejam não-presenciais, os cursos exigem trabalhos, atividades e até mesmo provas. A dedicação é importante: Bruno, por exemplo, estuda de segunda à sexta-feira e faz download dos áudios das vídeo-aulas, para escutar (e aprender) enquanto anda na rua. “O curso à distância depende de muita disciplina”, enfatiza. Roberto dedica pelo menos três dias para estudo e pesquisa sobre os temas propostos, e sempre que possível visita a sede da Unopar, onde estuda, para dedicar de uma a três horas para pesquisa. Para ele, “a facilidade de estar de certa forma livre para pesquisas dentro dos temas propostos e suas aplicações dentro de um horizonte mais extenso em nosso dia a dia nos permite a aumentar o volume de conhecimentos adquiridos, mas tem que haver disciplina para horários e pesquisas e vontade de buscar mais além do básico proposto”.
Apesar das vantagens, o Ensino a Distância também tem problemas. Nem todos os cursos oferecidos são de qualidade. Para evitar decepções, é importante consultar a avaliação periódica realizada pelo Ministério da Educação (MEC). Outro problema enfrentado pelos cursos de Ensino a Distância é a alta taxa de evasão. De acordo com o Censo EaD 2013, organizado pela Associação Brasileira de Educação a Distância (ABED), em média 19,06% dos alunos que se matriculam em cursos regulamentados totalmente a distância abandonam as aulas antes de obter o diploma. Os principais motivos apontados são a falta de tempo para estudar e participar do curso, os custos de matrícula ou mensalidades, a incompatibilidade com o trabalho (principalmente se ele incluir viagens), o desemprego e a falta de adaptação às tecnologias utilizadas.
Ambiente virtual permite que alunos construam seu próprio ensino
A maior parte das atividades de um curso a distância acontece dentro do ambiente virtual, espaço no qual os alunos encontrarão ferramentas, cronogramas, trabalhos, provas e materiais de estudo. Durante o curso, os estudantes geralmente podem consultar tutores e professores, além de participar de discussões em fóruns com os colegas. Pela flexibilidade que oferece, o EaD se torna uma boa alternativa para pessoas que possuem pouco tempo livre e/ou que moram em cidades que não possuem centros de ensino.
Com tanta liberdade, quais características um aluno interessado em fazer um curso EaD precisa ter? Para Roberto, as palavras-chave são disciplina e dedicação. "O aluno precisa impor a si mesmo uma rotina de estudos", afirma. Bruno acrescenta: "É importante participar de debates, e lembrar sempre de fazer uma simples pergunta que devemos fazer em relação a tudo: 'Por que?'".