Uma conversa sobre alfabetização

Por Monalisa Arikawa
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Apesar de nunca nos depararmos com pessoas conversando sobre o ensino básico no cabeleireiro ou na sala de espera do consultório do dentista, o assunto deveria ocupar certa atenção nas rodas de amigos. No mês em que comemoramos o Dia Internacional da Alfabetização, puxe uma cadeira e procure saber através do seu filho, sobrinho ou vizinho a situação da educação na escola do seu bairro, município e estado. Toda a sociedade está convidada a analisar, investigar e colaborar com o processo educacional do país.

Manchetes de jornais que poderiam desencadear a reflexão e o gesto participativo do cidadão como, por exemplo, ter conhecimento que uma porcentagem muito pequena de alunos chega ao terceiro ano do Ensino Fundamental sabendo ler e escrever, enquanto a maior parte caminhará com dificuldades na aprendizagem, podendo até ser o fator de desistência futura, causam o impacto momentâneo, mas não perduram por muito tempo alcançando o entendimento aprofundado.

No entanto, o simples acesso as notícias ou entrevistas informando a quantas anda o ensino, deveriam sim ser tomadas como conteúdo para o debate dentro e fora da escola e, além, ser objeto de inovadoras propostas. “Devemos propor teorias e práticas educativas que obtiveram êxito em outros lugares (...). Quando são novas, devemos participar diretamente no começo de sua execução e propor sua generalização apenas se tiverem um sucesso evidente.” (FLECHA; TORTAJADA, 2000, p.28). As instituições estão abertas para que a coletividade contribua na construção de um novo sistema de ensino mais amplo e coerente com a nova realidade – científica, tecnológica, interpretativa, cultural...

A Prefeitura de São Paulo disponibilizou um espaço on-line, até o dia 15 de setembro, em virtude do novo projeto que visa o resgate de algumas práticas: lição de casa, provas bimestrais, boletim com notas de 0 a 10. É importante o acesso ao site www.maiseducacaosaopaulo.com.br para a compreensão e participação. Com a iniciativa, os pais terão outros instrumentos e poderão acompanhar, de forma efetiva, o desenvolvimento escolar dos seus filhos, fato relevante diante da extinção da aprovação automática.

Em 1967, quando a ONU e a UNESCO instituíram o oito de setembro como data célebre (alfabetização), o objetivo era mesmo este: estimular o interesse das comunidades para o diálogo e interação. De nada adiantavam as estatísticas relacionadas ao analfabetismo, se os números não revelavam o lado humano. Portanto, a população passou a assumir papel fundamental na contextualização dos dados, posicionamento que só tem beneficiado a capacitação de professores; o estudo aprofundado das práticas pedagógicas; a observação e análise constante dos resultados de programas e ações; a busca de resoluções que abranjam os problemas estruturais.

Passados pouco mais de quatro décadas e meia, eu convido você  leitor para um papo sincero. A propósito, como vai a escola do seu bairro? Dialogue conosco. Queremos saber mais sobre a sua contribuição, além dos anseios e expectativas para o futuro educacional. “A participação da comunidade é imprescindível para tornar possível o trabalho no campo da diversidade, já que este só pode acontecer em um ambiente de comunicação aberto e flexível, adaptado ao contexto que permita a livre expressão dos professores, dos alunos e dos membros da comunidade.” (IMBERNÓN, 2000, p.85). Seja bem-vindo a esta conversa que promete ser muito produtiva e agradável.

Por: Monalisa Arikawa ¹

Referências:
FLECHA, R.; TORTAJADA, I. Desafios e saídas educativas na entrada do século; IMBERNÓN, F. Amplitude e profundidade do olhar: a educação ontem, hoje e amanhã. In: IMBERÓN, F (org.). A Educação no século XXI: os desafios do futuro imediato. Trad. Ernani Rosa. 2ª ed., Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2000.

¹ Graduada em Comunicação Social, Pós-Graduada em Audiovisual e Tecnóloga em Produção Publicitária.

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