São chamados de óculos (do latim ocularium, palavra usada para designar os orifícios feitos na cabeça das armaduras dos soldados para que eles pudessem enxergar) os aparelhos ópticos formados por duas lentes, originalmente de vidro puro e armações de metal, destinados a facilitar a visão de seu usuário sob várias condições. A partir do século XIX os óculos começaram a se tornar um importante artefato no cotidiano de boa parte da humanidade, seja como um complemento estético, seja como aparelho corretor de determinada deficiência visual.
Até o início do século XIV, as pessoas com deficiência de visão não dispunham de qualquer recurso para solucionar, mesmo parcialmente, seu problema. A tecnologia envolvendo a fabricação dos óculos era ainda desconhecida. Apesar de simples, a fabricação de lentes exigia a utilização de técnicas até então desconhecidas, que envolviam a compreensão das leis da óptica e do funcionamento das lentes. Além disso, era necessário desenvolver métodos de produção de vidro transparente e de desgaste das lentes na curvatura correta.
Por volta do século X os árabes elaboraram estudos dedicados à óptica e distúrbios de visão comum aos povos que habitavam o deserto. Entre os envolvidos em tais pesquisas, o mais importante era Ibn al-Haytham, que vivia no Egito. Por volta de 1040, este estudioso preparou um tratado de óptica em que pela primeira vez tratava da função da córnea. Além disso, ele pesquisou a anatomia do olho humano e a direção da luz quando afetada por espelhos e lentes de vidro.
Em meados do século XIII, os europeus já estavam familiarizados com as teorias fundamentais da óptica e produziam seus próprios equipamentos experimentais. Permanecia ainda o problema da produção em massa de lentes, para generalizar o uso de óculos.
A fabricação de vidro transparente, ideal na fabricação de óculos era um monopólio dos turcos otomanos. Esse monopólio seria finalmente rompido quando os venezianos atacaram Constantinopla durante a Quarta Cruzada (1202-1204), o que permitiu aos venezianos contar com a experiência de numerosos trabalhadores da indústria vidreira. Suas técnicas, até então exclusivas, foram levadas às fábricas de vidro dos territórios venezianos do Mediterrâneo e do norte da Itália. Em meados do século XIII, o vidro veneziano alcançara invejável reputação em quase toda a Europa.
Compreensivelmente, portanto, a primeira referência histórica aos óculos ocorre na Itália, logo depois de 1300. Ali foi possível finalmente aliar os conhecimentos de óptica à prática de produzir lentes apropriadas e suficientemente baratas. Durante os séculos seguintes, o uso de óculos se espalharia primeiro por toda a Europa e depois pelo oriente.
Bibliografia:
Pequena História das Invenções. São Paulo: Abril S.A. Cultural e Industrial, 1976.