A pedagogia de Allan Kardec

Por Lucila Conceição Pereira
Categorias: Pedagogia
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Em suas Obras Póstumas Allan Kardec (1804-1869) postula que pela educação se transformará a humanidade. Nascido na França, Hippolyte Léon Denizard Rivail adotou o pseudônimo Allan Kardec após codificar o Espiritismo e, através da Doutrina dos Espíritos, acreditava ter encontrado a base que fundamentaria todas as religiões independentemente de qualquer forma de culto particular: Deus, a alma, a imortalidade e as penas e recompensas futuras.

Devido à instabilidade política em seu país natal, aos 11 anos foi enviado pelos pais para estudar no exterior. Na Suíça estudou no Castelo de Yverdon com Pestalozzi, de quem se tornou discípulo. O modelo pedagógico de Pestalozzi, adotado em Yverdon, proporcionava aprendizado autônomo, estimulando a prática do ensino mútuo e da cooperação, buscando garantir que a observação e a experimentação constituíssem etapas prévias e necessárias ao domínio do conhecimento em si.

Ao retornar a Paris em 1823 e com 19 anos, tornou-se instrutor e iniciou o trabalho de construção de sua obra pedagógica através da publicação de manuais para aplicação do método de Pestalozzi na França. Aos 24 anos escreveu um Plano de Melhoria do Ensino Público e, no decorrer de 30 anos de carreira dedicada à educação, tornou-se um intelectual respeitado, membro de nove sociedades científicas e autor de livros didáticos, projetos, cadernos de exercício, compilações manuais de métodos para professores e pais e projetos de reformas educacionais.

Ao versar sobre educação e também sobre a organização do sistema educacional francês, insistia sobre a necessidade de o ensino ocorrer de forma natural e a importância de nele serem incorporados aspectos relacionados à cultura e a história da civilização. Segundo ele a aprendizagem não acontece de forma mecânica, mas por meio da busca dos fundamentos e das finalidades de todas as coisas, assim como sua relação com a realidade do indivíduo. Influenciado pelas ideias de Rousseau, Comenius, Sócrates e Platão, além de Pestalozzi, acreditava também que um dos maiores problemas das instituições de ensino de sua época era a falta de educação moral, o que impedia que a criança se tornasse um bom cidadão. Assim, a vida humana dependeria da educação, acontecendo em todos os momentos da vida e sobre todas as circunstâncias.

Desta forma, tomava a educação e o ato de educar como uma ciência, e em todas as suas obras estão presentes aspectos relacionados às necessidades ligadas às práticas de instrução, criticando a monotonia dos estudos, a descontextualização de conteúdos e a relação de superioridade frequentemente adotada pelo professor frente ao aluno.

Já naquele século pontuava críticas ao sistema educacional, observava a desvalorização do professor e apontava para o despreparo de muitos professores para o exercício da profissão, o que contribuiria para que não fosse desenvolvido o gosto pelo saber nos alunos e o fracasso na relação entre professor e aluno. Colocava em pauta as diferenças entre o professor e o educador, lançando reflexões que se revelam muito atuais sobre o ensino e os problemas que afetam os sistemas educacionais.

Bibliografia:

GRZYBOWSKI, Przemyslaw P. Allan Kardec – da teoria social à pedagogia espírita. Disponível em: http://www.ukw.edu.pl/download/201/pg26.pdf

REZENDE, Eliane Garcia. A Educação: saber e sabor na relação entre sujeitos. Revista Ponto e vírgula,10: 282-285, 2011. Disponível em: https://revistas.pucsp.br/index.php/pontoevirgula/article/download/13913/10237

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