Por Débora Carvalho Meldau
O termo discalculia (palavra oriunda do grego e do latim, respectivamente: dis=mal; calculare=calcular) define uma condição na qual o indivíduo apresenta dificuldade de aprendizagem especificamente de manipular números.
Este distúrbio afeta indivíduos de todas as idades e pode ser classificado como moderado, severo ou total.
Ao contrário de outras dificuldades ligadas à linguagem, como a dislexia e a dispraxia, a condição em questão tem sido pouco estudada. Sabe-se que ocorre em indivíduos de qualquer nível de QI; todavia, os mesmos comumente apresentam dificuldade com matemática, tempo, medida, dentre outros. Hipóteses sugerem que a discalculia pode tratar-se de um distúrbio parcialmente hereditário.
De acordo com Ladislav Kosc, existem seis tipos distintos de discalculia:
- Discalculia léxica: na qual o indivíduo apresenta dificuldade em ler símbolos matemáticos.
- Discalculia verbal: neste caso o paciente apresenta dificuldade em nomear quantidades matemáticas, números, termos e símbolos.
- Discalculia gráfica: problemas para escrever símbolos matemáticos.
- Discalculia operacional: dificuldade de realizar operações e cálculos numéricos.
- Discalculia practognóstica: dificuldade para enumerar, manipular e comparar objetos reais ou em imagens.
- Discalculia ideognóstica: dificuldade em realizar operações mentais, bem como para compreender conceitos matemáticos.
Os portadores desta condição podem apresentar:
- Dificuldades constantes com números, confundindo as operações básicas (adição, subtração, multiplicação e divisão);
- Dificuldade para distinguir direito e esquerdo;
- Falta de senso de direção;
- Dificuldade com tabelas;
- Maior facilidade com os assuntos que necessitam de lógica, quando comparado aos assuntos que requerem fórmulas;
- Dificuldades em julgar a passagem do tempo e ler relógios analógicos;
- Ineficiência em compreender o planejamento financeiro ou incluir no orçamento;
- Dificuldade mental em julgar as dimensões de um objeto ou de uma distância;
- Falta de habilidade em mentalizar e recordar conceitos matemáticos, regras, fórmulas e sequencias matemáticas;
- Problemas para seguir a contagem durante jogos;
- Fobia de matemática ou números resultantes da condição.
Para que o professor seja capaz de identificar a discalculia, o mesmo deve estar atento à trajetória de aprendizado do aluno, especialmente com relação ao aprendizado da matemática. O professor deve evitar:
- Frisar as dificuldades do aluno, diferenciando-o do restante da classe;
- Mostrar impaciência com a dificuldade da criança;
- Corrigir o aluno constantemente diante da turma;
- Ignorar a dificuldade da criança.
Quando a desordem é identificada tardiamente, pode haver prejuízo do desenvolvimento escolar da criança, que pode tornar-se agressiva, apática ou desinteressada.