A questão da formação de professores surgiu no século XIX quando, em resposta às transformações ocorridas na sociedade após a Revolução Francesa, foi colocada em pauta a questão da instrução popular. Ao longo deste século foram sendo instituídas em vários países europeus as Escolas Normais, instituições encarregadas de preparar professores. No Brasil, essa preocupação com o preparo de professores surgiu após a Independência se intensificou com a proclamação da Republica, idealizado como parte do projeto de construção da Nação.
No entanto, a expansão das redes de ensino no Brasil está diretamente relacionada à intensificação do processo de industrialização no país a partir da década de 1950. Ainda nos anos 1960 e 1970 o acesso à escolarização era limitado e havia uma enorme parcela de analfabetos na população, mas com o acelerado crescimento populacional e as demandas do mercado os investimentos começaram a crescer e com a expansão das redes públicas de ensino aumentou consideravelmente a demanda por professores. A solução encontrada para suprir esta demanda foi a expansão de escolas normais em nível médio, complementação de formações de origens diversas, autorizações especiais para o exercício da docência, etc.; porém, tanto os cursos normais como os diversos cursos de licenciatura surgidos nesse período seguiram os modelos instituídos entre o final do século XIX e o início do século XX, improvisações que ainda hoje afetam de maneira negativa a formação de professores no país.
Segundo o Censo da Educação Superior em 2013 existiam 7900 cursos de licenciatura na área da educação espalhados pelo país e mais de 200 mil alunos licenciados. Contudo, outro levantamento realizado indica que dos 392.185 ingressantes em licenciaturas em 2010, apenas 201.001 concluíram ao final de quatro anos. Segundo especialistas na área, a pouca atração pela carreira docente é um entrave para a formação inicial no país e, por outro lado, uma parte significativa dos cursos estão estruturados de maneira bem distante da realidade em sala de aula, o que promove o alto índice de abandono não só dos cursos mas também de profissionais em início de carreira que desistem de lecionar.
O Censo Escolar de 2014 indicava que dos 2,2 milhões de docentes em atuação no país 24% não apresentava a formação adequada. Todos esses fatores quando somados indicam a importância da questão da formação de professores de educação básica frente aos desafios impostos pelas constantes transformações políticas, econômicas e sociais nas sociedades contemporâneas. Desta forma, formar bons profissionais na área da educação implica repensar aspectos relacionados não apenas aos cursos de formação inicial (licenciaturas), como também aspectos relativos à formação continuada, reuniões de trabalho pedagógico, prática em sala de aula, assim como as condições gerais de trabalho nas escolas e também planos de carreira e salários. Nesse caminho o Plano Nacional de Educação (PNE) dedica quatro de suas vinte metas à valorização profissional do professor ao prever formação inicial, formação continuada, valorização profissional e plano de carreira.
Segundo a pesquisadora Bernardete Gatti, nosso maior desafio é fazer uma revolução na formação de professores em um país onde a forma como o professor é tratado é um dos entraves para a atração de profissionais. Assim sendo, se não houver uma reversão deste quadro, estaremos fadados a continuar com baixíssimos índices de desempenho educacional.
BIBLIOGRAFIA:
INSTITUTO PORVIR - Desafios e Caminhos para a Formação de Professores no Brasil (Série Formação de Professores). Disponível em: http://porvir.org/?s=S%C3%A9rie%20Forma%C3%A7%C3%A3o%20de%20Professores&t=1
FUNDAÇÂO VICTOR CIVITA – A Formação de Professores no Brasil – Estudos e Pesquisas Educacionais. Disponível em: http://www.fvc.org.br/estudos-e-pesquisas/avulsas/estudos1-3-formacao-professores.shtml
SAVIANI, Demerval. Formação de professores: aspectos históricos e teóricos do problema no contexto brasileiro. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rbedu/v14n40/v14n40a12.pdf