O método Lancaster é um método pedagógico desenvolvido pelo inglês Joseph Lancaster (1778-1838) no final do século XVIII na Europa. Conhecido também por método monitoral ou mútuo difere dos métodos que o antecederam por utilizar alunos que se destacam dos demais como alunos monitores, responsáveis por contribuir para o ensino do restante do grupo.
Ao fundar uma escola para atender crianças carentes na periferia de em Londres (1798), Lancaster se deparou com a problemática que daria origem ao método: como instruir um número grande de alunos sem professores. A saída encontrada foi agrupar os alunos de acordo graus de conhecimento semelhantes e, paralelamente, selecionar alunos em níveis mais avançados e colocá-los como monitores em cada um desses grupos.
O papel do professor tornou-se então o de instruir os monitores antes do início das aulas com ordens precisas e direcionadas para que eles fossem capazes retransmitir os conhecimentos dados pelo professor. No restante de seu tempo, o professor dirigia a escola: observa o desempenho dos monitores, controla o movimento de entrada e saída de alunos, mudanças de exercícios, etc.
Para cada um dos agrupamentos havia um programa a ser desenvolvido em leitura, escrita e cálculo. Ao monitor cabia fazer o controle da classe e classificar os alunos em suas turmas de acordo com os saberes; portanto, cada aluno poderia participar de até três grupos diferentes de acordo com seu desenvolvimento em cada disciplina.
Ao longo do século XIX além da Inglaterra, o método se difundiu para França, Portugal, Suíça, Alemanha, Itália, Estados Unidos e entre outros, o Brasil.
Com a sede do governo português no Brasil, Hipólito José da Costa de Mendonça, editor do jornal O Correio Brasiliense, publicou em 1816 um conjunto de artigos o propagando as vantagens do método para a instrução da população. Os debates em torno da implantação do ensino mútuo no Brasil foram se intensificando nos anos seguintes e quando a Constituição outorgada em 1824 instituiu a instrução primária como gratuita a todos os cidadãos, a necessidade de encontrar alternativas para levar a instrução elementar ao maior número de cidadãos levou o governo a endereçar um aviso ministerial a todas as províncias ressaltando a necessidade de propagar a instrução em escolas pelo método lancasteriano.
O método Lancaster representava o que de mais moderno havia na época, porém os resultados de sua utilização no Brasil ficaram muito aquém do esperado, não só pela ausência de professores habilitados e falta de estrutura adequada como também em função do baixo número de alunos que frequentavam a escola pública no Brasil, haja vista que o método foi desenvolvido para atender um grande número de alunos.
Como todo método de ensino, esse método apresenta vantagens e desvantagens. Como vantagem destaca-se o fator de ordem econômica, uma vez que permite ensinar um grande número de alunos com um único professor. Além disso, a forma como as aulas são organizadas mantém a disciplina dos alunos e, do ponto de vista pedagógico, os agrupamentos proporcionam que as atividades propostas correspondam ao real nível de desenvolvimento dos alunos.
Por outro lado, as críticas ao método questiona a real capacidade dos monitores, que baseiam seu trabalho apenas em procedimentos pré-estabelecidos. A mera reprodução de fórmula e transmissão de conteúdos a serem memorizados de acordo com os críticos não proporciona uma aprendizagem autônoma e, portanto, não desenvolve a inteligência.
BIBLIOGRAFIA:
BASTOS, Maria Helena Camara. A Instrução Pública e o Ensino Mútuo no Brasil: uma história pouco conhecida (1808-1827). História da Educação. ASPHE/FaE/UFPel, Pelotas, abril, 1997. Disponível em: http://www.seer.ufrgs.br/asphe/article/download/30631/pdf
CASTANHA, André Paulo. A Introdução do Método Lancaster no Brasil: História e Historiografia. IX ANPEDSUL – Seminário de Pesquisa em Educação da Região Sul, 2012. Disponível em: http://www.ucs.br/etc/conferencias/index.php/anpedsul/9anpedsul/paper/viewFile/1257/12