Subsídios em Piaget e Kuhn para o Ensino de Ciências

Licenciatura Plena em Química (Universidade de Cruz Alta, 2004)
Mestrado em Química Inorgânica (Universidade Federal de Santa Maria, 2007)

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De acordo com Jean Piaget (1976), o desenvolvimento humano cognitivo nas crianças divide-se em quatro estágios. No primeiro (até  os dois anos de idade), chamado Estágio Sensório-motor, a criança busca adquirir controle motor e aprender sobre os objetos que a rodeiam, onde o desenvolvimento físico acelerado é o suporte para o aparecimento de novas habilidades. No segundo (dos 2 aos 7 anos), chamado de Estágio Pré-operacional, destacam-se fatores como o egocentrismo, a percepção pelas aparências e o pensamento intuitivo e mágico. No terceiro (dos 7 aos 11 anos), chamado de Estágio Operatório-concreto, as relações entre objetos começam a surgir, juntamente com a cedência progressiva do individualismo e a capacidade de solucionar problemas concretos. No quarto (dos 11 aos 15 anos), chamado de Estágio Operatório-formal, as relações entre os objetos são fortalecidas pelo surgimento das bases do pensamento científico.

“No estágio operatório formal – desenvolvido a partir dos 12 anos de idade em média – o adolescente começa a raciocinar lógica e sistematicamente. Esse estágio é definido pela habilidade de engajar-se no raciocínio proposicional. As deduções lógicas podem ser feitas sem o apoio de objetos concretos. O pensamento hipotético-dedutivo é o mais importante aspecto apresentado nessa fase de desenvolvimento, pois o ser humano passa a criar hipóteses para tentar explicar e sanar problemas, o foco desvia-se do "é" para o "poderia ser". As bases do pensamento científico aparecem nessa etapa do desenvolvimento”. (PIAGET, 1971, pg. 77)

Tendo em vista o trabalho de Thomas Kuhn (1962), a ciência deve possuir mecanismos para ruptura constante de paradigmas, sendo que este autor define um paradigma científico como o conjunto de elementos pelos quais uma comunidade científica estabelece as relações com o mundo real. Ao fazê-lo, no entanto, acaba por encontrar problemáticas e falsificações aparentes, até que se estabeleça uma situação de crise, quando então este paradigma é abandonado no surgimento de um novo, ainda não assediado por tais obstáculos. E o que torna o conhecimento científico digno de maior relevância é sua capacidade de adaptação e não formalismo.

“A ciência deve conter em seu interior um meio de romper de um paradigma para um paradigma melhor. Esta é a função das revoluções. Todos os paradigmas serão inadequados no que se refere à sua correspondência com a natureza. A substituição de um paradigma por outro torna-se essencial para o efetivo progresso da ciência”. (KUHN, 1962, pg. 30)

Dessa forma, o professor poderá utilizar da compreensão de um conhecimento científico não formatado, e construí-lo junto ao educando, a partir de seu desenvolvimento cognitivo.

Referências:                                                
KUHN, T. S.; The Structure of Scientific Revolutions, University of Chicago Press, Chicago, 1962.
PIAGET, J.; A epistemologia genética. Petrópolis: Vozes, 1971.

Arquivado em: Pedagogia
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