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1. Introdução
Desde os primórdios o homem teve que se organizar para exercer maior controle sobre a natureza e tudo que dela deriva. A organização é fundamental para a otimização de tarefas complexas, impossíveis de serem realizadas com perfeição se executadas de maneira solitária. A organização faz surgir o trabalho coletivo, dividindo as tarefas entre aqueles que possuem maior competência sobre elas, para que possam posteriormente executá-las sem maiores dificuldades.
Não há dúvida da facilitação advinda do trabalho coletivo. Quando analisamos esse fenômeno no âmbito educacional, percebemos a sua evidência, que vai desde a estrutura de um sistema de ensino até o funcionamento de uma pequena escola. Porém, o que se percebe nessa organização, já levando em consideração a divisão, por competência, das tarefas, é que alguns indivíduos acabam exercendo maior influência do que outros, mesmo participando do mesmo processo e ambiente de trabalho.
O fato de diretores, coordenadores e supervisores, por exemplo, apresentarem maior influência nas tomadas de decisões ou mesmo na condução dos processos educacionais, sejam eles pedagógicos ou administrativos, caracteriza um fenômeno chamado liderança, cuja complexidade é tão grande que foram concebidas várias teorias a seu respeito, na tentativa de melhor compreendê-la, bem como de aplicá-la.
2. Liderança como fenômeno social
No contexto atual, um líder não deverá apresentar-se unicamente como falante, mas também como ouvinte. É preciso compreender as limitações das imposições e os poderes do diálogo. O bom relacionamento no ambiente de trabalho conduzirá a todos rumo a um clima de paz e produtividade, ambas advindas da felicidade e do respeito que emergem da parceria entre líderes e liderados.
A liderança é um fenômeno parturido da sociedade, geralmente de uma necessidade, por meio de certa influência e com vista numa realização futura. Neste sentido, Chiavenato (apud Lagar et al., 2013, p. 46) afirma que:
A liderança é exercida como uma influência pessoa em uma dada situação e dirigida através do processo de comunicação humana para a consecução de um ou mais objetivos específicos. Os elementos que caracterizam a liderança são, portanto, quatro: influência, em uma situação, pelo processo de comunicação e visando objetivos a alcançar.
2.1. Teorias sobre a liderança
Como afirmado anteriormente, de acordo com a necessidade de se compreender o fenômeno da liderança e seus efeitos sobre o meio no qual ela está sendo exercida, criou-se uma grande quantidade de teorias sobre ela. Porém, para fins de compreensão, podemos dividi-las em três grandes grupos: teorias de traços de personalidade, teorias relativas aos estilos de liderança e teorias situacionais de liderança. Ambas serão estudadas detalhadamente a seguir.
Teoria dos traços de personalidade
Em tempos antigos, o reconhecimento de um líder era feito observando alguns de seus traços natos. Ao observar um indivíduo, especialistas apontavam a possibilidade de, no futuro, ele ser ou não um líder. Esse estudo era feito com base nos traços de personalidade do indivíduo, não possuindo relação com o que ele futuramente poderia adquirir ou perder, mas puramente com o que ele já trazia em sua natureza.
Alguns exemplos de traços de personalidade desejáveis num líder eram: “inteligência, otimismo, calor humano, comunicabilidade, mente aberta, espírito empreendedor, habilidade humana, empatia, assunção de riscos, criatividade, tolerância, impulso para ação”. (Chiavenato apud Lagar et al., 2013, p. 47)
A partir dessas ideias foram realizados múltiplos estudos sobre o perfil ideal de um líder, baseados apenas nos traços de sua personalidade natural, porém jamais se chegou a uma conclusão capaz de gerar uma teoria mais abrangente, isto é, uma teoria geral. Por este motivo, o mundo científico passou a descartar essa abordagem ao longo do tempo, hoje praticamente extinta, a não ser pela aceitação popular, que ainda permanece em forte evidência.
Teoria dos estilos de liderança
Essa teoria tem a ver com o comportamento do líder e com suas atitudes. Esse grupo de atitudes e comportamentos cria o estilo próprio de cada líder. Esses estilos podem ser divididos em três:
I – Autocrático ou autoritário: é aquele cujo líder não permite a participação dos liderados nas tomadas de decisões. A sua relação com os seus subordinados é verticalizada, baseada apenas na obediência. Todas as tarefas são apontadas pelo líder: por quem, como e quando elas serão executadas. Liderança autocrática é justamente aquela que dá importância apenas à figura do líder.
II – Democrático: como o próprio conceito de democracia afirma, o líder democrático é aquele que possibilita a participação dos liderados nos processos de escolhas, sendo todas as diretrizes decididas em grupo, numa relação horizontal entre o líder e os seus subordinados. Esse estilo de liderança é caracterizado pela empatia, enquanto o anterior pela antipatia. Liderança participativa ou consultiva são outras denominações dadas a esse estilo de liderar.
III – Liberal ou laissez faire (do francês, deixar fazer): há nesse estilo de liderança certa similaridade com o modelo democrático, porém no Liberal a participação dos liderados é expandida ao máximo. Na verdade, na maioria das vezes confunde-se a figura do líder com a dos liderados. Todas as decisões são tomadas em grupo, com pouca ou nenhuma intervenção do líder. Esse estilo é marcado pela fragilidade da liderança, pois por vezes permitem-se decisões que conduzem o grupo ao erro, ao fracasso.
Não existem apenas os três tipos de liderança explicitados anteriormente, há também a coercitiva e a paternalista. “A coercitiva é caracterizada pela habilidade de influenciar por meio da possibilidade de punição. Na paternalista o líder age motivado pela simpatia ou empatia”. (Lagar et al., 2013, p. 47)
Teoria de liderança situacional
As teorias situacionais são as mais completas, pois abrangem as duas outras e as complementam. Além de considerarem as concepções anteriores, elas ainda consideram “o ambiente e os aspectos como situações, pessoas, tarefas, organizações e outras variáveis que interferem no processo”. (Lagar et al., 2013, p. 47)
Essas teorias defendem o uso de mais de um tipo de liderança para uma mesma situação, isso se lavado em consideração o líder, as pessoas, a situação etc. Para Fiedler (apud Lagar et al., 2013, p. 47), os estilos mais eficazes de liderança são os situacionais, pois cada situação exige um estilo diferente de liderança.
3. Considerações finais
A função de líder não é fácil e deverá ser assumida por pessoas capazes de respeitar os ideais do coletivo e a impessoalidade. A liderança é uma ferramenta de organização e condução dos trabalhos, com vistas no bom desempenho de cada indivíduo pertencente a um grupo e que convive num ambiente de paz e respeito. Por esses motivos, a liderança está fortemente ligada à confiança.
Os campos estudados neste trabalho apontam alguns estilos de líderes possíveis, mas não há dúvidas de que os mais aceitos pelos subordinados e por toda a sociedade são aqueles que priorizam a democracia. Um bom líder saberá falar no momento certo, agir, orientar, interferir, dialogar, fazer e, acima de tudo, ouvir. Ficar ciente das ideias e necessidades de seus subordinados fará do líder o cérebro de um enorme corpo saudável, feliz e de sucesso.
Referência bibliográfica:
LAGAR, Fabiana; SANTANA, Bárbara Beatriz de; DUTRA, Rosimeire. Conhecimentos Pedagógicos para Concursos Públicos. 3. ed. – Brasília: Gran Cursos, 2013.