A carnaúba é uma espécie de palmeira nativa do Brasil e endêmica da região Nordeste. Pertence à família Arecaceae e seu nome científico é Copernicia prunifera. É encontrada principalmente nos estados da Paraíba, Bahia, Rio Grande do Norte, Maranhão, Piauí e Ceará. Tem grande importância econômica, social e ambiental, por isso é conhecida como “árvore da vida”, sendo possível o aproveitamento de todas as suas partes: folhas, frutos, palhas, raiz e tronco.
É uma planta xerófila, bem adaptada ao clima quente e seco. É encontrada na vegetação da Caatinga e habita preferencialmente ambientes com terrenos baixos de várzea, geralmente na beira de rios e lagos que são inundados periodicamente, pois suporta alagamentos prolongados durante o período de chuva. Por isso tem ampla distribuição geográfica nos vales dos rios nordestinos. É resistente a um elevado teor de salinidade e tem preferência por ambientes com solos argilosos.
Sua altura varia entre 7 e 10 metros, mas pode atingir os 15 metros. Seu caule é do tipo estipe, reto e cilíndrico com diâmetro entre 15 e 25 centímetros. Suas folhas são verdes, levemente azuladas por causa da cobertura de cera, em forma de leque, palmadas, com até 1,2 metros de comprimento, possuem superfície plissada e ficam dispostas no alto da palmeira. As flores são muito pequenas e abundantes, são amarelas e ficam dispostas em cachos pendentes.
O principal produto comercial obtido da carnaúba é a cera extraída de suas folhas no período seco do ano. Essa cera está presente apenas na carnaúba nordestina e é provavelmente uma adaptação às regiões secas, pois dificulta a perda de água por transpiração e protege contra o ataque de fungos. A cera é amplamente utilizada na fabricação de vários produtos nos mais diversos segmentos: lubrificantes, tintas, cosméticos, produtos de higiene e limpeza, ceras polidoras, chips para computador, indústria farmacêutica, indústria de produtos alimentícios, entre outros. Os estados do Rio Grande do Norte, Piauí, Ceará e Maranhão são os principais produtores de cera da carnaúba, que é exportada para vários países, como Estados Unidos, Japão e Alemanha.
O fruto da carnaubeira é uma baga arredondada, brilhante, que tem aproximadamente 2 centímetros de comprimento. É esverdeado quando imaturo e roxo-escuro ou quase preto quando maduro, período no qual adquire um sabor ligeiramente adocicado. Aglomeram-se em grandes quantidades em cachos pendentes. Os frutos inteiros são aproveitados pelos animais (aves, morcegos, roedores e animais de criação) e também utilizados para o preparo de ração animal. Também são utilizados para o consumo humano in natura ou em sucos, doces e geleias.
As raízes da carnaúba possuem propriedades medicinais e são utilizadas em várias comunidades como medicamento alternativo no tratamento de úlceras, erupções cutâneas e dores na coluna. Seu tronco é muito utilizado como madeira para a construção de casas, postes, pontes, currais e cercas. As palhas da carnaúba são utilizadas na confecção de artesanato, como adubo orgânico e na confecção de papel. A fibra extraída das folhas serve para produzir tarrafas, cordas, bolsas, cestos, chapéus e outros produtos. A bagana (palha após a retirada da cera) é usada na proteção e resfriamento dos solos na agricultura, como forragem para os animais e na compostagem.
Nas últimas décadas a desvalorização dos preços da cera da carnaúba provocou o desmatamento de grandes áreas de carnaubais para a introdução de outras atividades, como a agricultura irrigada, a piscicultura e a criação de camarão. Em algumas regiões do Piauí houve a eliminação de carnaubais por causa do processo de expansão urbana. A extração desordenada das carnaúbas para fins diversificados também representa uma ameaça a essa espécie, causando uma rápida diminuição desses ecossistemas. No Ceará essa espécie é protegida por lei, que determina que o seu corte e derrubada depende da autorização dos órgãos e entidades competentes. Para proteger a carnaúba são necessárias normas mais rígidas que impeçam sua derrubada e exploração de forma predatória.
Referências Bibliográficas:
Demartelaere, A. C. F. Utilidades e a importância econômica da Copernicia prunifera para o Rio Grande do Norte: uma espécie em extinção. Brazilian Journal of Development, Curitiba, v.7, n.1, p.5065-5088, 2021.
Queiroga, V. P., Assunção, M. V. Almeida, F. A. C. Albuquerque, E. M. B. Carnaubeira: Tecnologias de Plantio e Aproveitamento Industrial. 2 ed. Campina Grande: AREPB, 2017.
Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/plantas/carnauba/